O setor automotivo brasileiro pode passar por mudanças significativas em breve. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) está em negociações com o governo federal para aumentar a alíquota de importação de veículos elétricos e híbridos para 35%. Essa taxa era a praticada antes da redução em julho de 2024. Atualmente, as tarifas variam entre 18% para elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos convencionais.
O principal argumento da Anfavea é que a redução das tarifas tem incentivado um crescimento expressivo das importações, o que pode comprometer a indústria nacional e desestimular investimentos no setor automotivo do país.
Por que a indústria nacional está preocupada com o avanço dos importados
O aumento das importações, especialmente de veículos chineses, tem gerado preocupação entre os fabricantes brasileiros. Em fevereiro, mais de 5,5 mil veículos vindos da China desembarcaram no Brasil, elevando o estoque de modelos importados para 40 mil unidades. Esse volume coloca o país como um dos principais destinos para os elétricos chineses, em parte porque as tarifas de importação aqui são mais baixas do que em mercados como Estados Unidos e Canadá, onde as taxas podem chegar a 100%.
Em 2024, mais de 120 mil veículos importados da China foram vendidos no Brasil, um aumento expressivo em relação ao ano anterior. Para a indústria nacional, esse crescimento pode representar um risco à produção local e à manutenção de empregos no setor.

O governo pode interferir para frear as importações?
Diante desse cenário, a Anfavea planeja apresentar ao Ministério do Desenvolvimento um pedido para investigar possíveis práticas de dumping na importação de veículos chineses. A suspeita é que esses modelos estejam sendo vendidos no Brasil a preços inferiores ao custo de produção, o que poderia prejudicar a concorrência e desestabilizar o mercado automotivo local.
Além disso, a entidade defende que novas marcas estrangeiras que queiram atuar no Brasil devem se comprometer com a produção local e com o fortalecimento da cadeia de autopeças nacional. Essa medida ajudaria a manter empregos e investimentos no setor.
O que pode mudar no mercado de elétricos e híbridos nos próximos meses
Caso a alíquota de importação volte a 35%, o impacto poderá ser sentido diretamente pelos consumidores. Modelos importados, que hoje se beneficiam de tarifas reduzidas, podem ter seus preços elevados, tornando os veículos nacionais mais competitivos.
Além disso, a mudança nas taxas pode forçar montadoras estrangeiras a reconsiderarem seus planos para o Brasil, buscando alternativas para evitar o aumento dos custos, como a instalação de fábricas locais.

Os consumidores serão os mais afetados por essa decisão?
Com a crescente popularidade dos veículos elétricos e híbridos no Brasil, o aumento das tarifas pode dificultar o acesso a esses modelos, tornando-os menos acessíveis para o público. Por outro lado, essa medida pode fortalecer a produção nacional e incentivar investimentos em fábricas e tecnologia dentro do país.
A decisão sobre as novas alíquotas será um marco importante para o setor automotivo, impactando preços, estratégias das montadoras e a competitividade do mercado brasileiro nos próximos anos.
O futuro dos veículos elétricos no Brasil ainda é incerto
O Brasil enfrenta um grande desafio para equilibrar inovação e proteção da indústria nacional. O aumento das tarifas pode ser um caminho para preservar empregos e investimentos locais, mas pode também limitar a oferta de modelos elétricos e híbridos importados.
As próximas decisões do governo serão fundamentais para definir como o país se posicionará na transição para a eletrificação automotiva. O impacto dessas mudanças poderá ser sentido por consumidores, montadoras e toda a cadeia produtiva do setor.