Um relatório da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), associada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), revelou que 1,3 milhão de famílias brasileiras continuam vivendo abaixo da linha de pobreza, mesmo recebendo assistência do Bolsa Família. Este estudo faz parte do 3º Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que cobre o período de 2025 a 2027, e responde ao aumento da insegurança alimentar que afetou 33 milhões de pessoas em 2022.
O plano visa garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) através de ações intersetoriais. Apesar de o Bolsa Família ter ajudado 93% das 18,1 milhões de famílias beneficiadas a superar a pobreza, uma parcela significativa ainda enfrenta dificuldades. Para ser elegível ao programa, a renda per capita familiar não deve ultrapassar R$ 218 mensais.

Por que o Bolsa Família não seria Suficiente?
O Bolsa Família, lançado em 2003 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado para apoiar financeiramente famílias em situação de pobreza. Embora tenha sido eficaz para a maioria dos beneficiários, a alta dos preços dos alimentos tem sido um obstáculo significativo. Em 2024, os preços subiram 7,7% em relação ao ano anterior, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pressionando ainda mais o orçamento das famílias de baixa renda.
Segundo o Banco Mundial, uma pessoa é considerada em extrema pobreza se sua renda mensal for inferior a R$ 209, enquanto a linha de pobreza é definida por uma renda abaixo de R$ 655. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2023, 8,7 milhões de brasileiros saíram da pobreza, representando 27,3% da população.
Quais são os impactos da inflação nos alimentos?
A pesquisa da Caisan aponta que a inflação dos alimentos é um fator crítico para a permanência de famílias abaixo da linha de pobreza. A pressão de outros custos no orçamento familiar reduz a renda disponível para a compra de alimentos, perpetuando a insegurança alimentar. Em resposta, o presidente Lula se reuniu com ministros em 6 de março para discutir medidas para conter a alta dos preços dos alimentos, buscando melhorar a aprovação do governo em meio a pesquisas desfavoráveis.