Nas últimas semanas, diversos estados da região Sudeste do Brasil experimentaram um aumento significativo nas temperaturas. Este fenômeno produziu calor intenso, especialmente nas áreas litorâneas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As máximas chegaram a quase 39°C, gerando desconforto para os moradores e turistas que aproveitavam as praias.
O calor extremo registrado na segunda-feira, 20 de janeiro de 2025, colocou várias localidades do Sudeste no ranking das 10 maiores temperaturas do país. Em Niterói (RJ), a temperatura atingiu 38,9°C, sendo a mais alta do dia. Esta condição climática extrema tem se tornado um motivo de preocupação na região.
O que Causa o Calor Intenso no Sudeste?
Diferente da onda de calor que recentemente afetou a região Sul do Brasil, o calor no Sudeste é explicado por uma combinação de fatores meteorológicos específicos. Durante este período, houve uma significativa redução de nebulosidade e chuvas, permitindo um aumento na incidência solar. Além disso, a ausência de ventos frios de origem polar contribuiu para a manutenção das altas temperaturas.
Outro fator determinante para as altas temperaturas foi o aquecimento adiabático. Este fenômeno ocorre quando o ar é forçado a descer montanha abaixo, aquecendo aproximadamente 1°C a cada 100 metros. No litoral de São Paulo, quando os ventos sopram da direção noroeste, antes da chegada de uma frente fria, o ar descendo a Serra do Mar aquece, resultando nas altas temperaturas observadas.
O que é Exatamente o Aquecimento Adiabático?
O aquecimento adiabático é um processo termodinâmico onde o ar, ao descer uma montanha, aumenta sua temperatura sem troca de calor com o ambiente externo. Este fenômeno pode ocorrer em qualquer época do ano e é frequentemente associado à presença de ventos específicos, que empurram o ar montanha abaixo.
O vento Zonda na Argentina e o vento de Sant’ana na Califórnia são exemplos clássicos de ventos adiabáticos que causam subidas bruscas de temperatura e podem alimentar incêndios florestais. No Brasil, essa condição é mais comum em áreas montanhosas das regiões Sul e Sudeste, especialmente em momentos que antecedem a chegada de frentes frias.

Como as Frentes Frias Influenciam Este Fenômeno?
O aquecimento adiabático no Sudeste é muitas vezes observado antes da chegada de frentes frias. Durante esse período pré-frontal, ventos de norte ou noroeste intensificam-se, particularmente em regiões montanhosas. Este padrão de vento, ao forçar o ar a descer as montanhas, contribui para o aumento das temperaturas.
Frentes frias formadas por ciclones extratropicais são comuns no litoral brasileiro e podem estimular ventos que causam aquecimento adiabático. No dia 20 de janeiro, a formação de uma frente fria associada a um ciclone no sul do Brasil intensificou os ventos norte/noroeste, exacerbando as condições de calor no Sudeste.
Quais Regiões são Mais Afetadas no Brasil?
Além do litoral paulista e fluminense, algumas regiões do sul de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul também experimentam o aquecimento adiabático. A cidade de Santa Maria, por exemplo, na região central do Rio Grande do Sul, frequentemente enfrenta alterações climáticas devido a este fenômeno.
O aquecimento adiabático é um mecanismo natural que, embora não seja exclusivo do Brasil, tem se tornado cada vez mais relevante na discussão sobre mudanças climáticas e seus impactos nas temperaturas extremas enfrentadas por muitas regiões do mundo.