Após 25 anos de negociações, o Mercosul e a União Europeia chegaram a um acordo de livre comércio, considerado o maior já firmado pelo bloco sul-americano. O texto do pacto, que está pronto para revisão legal e tradução, foi divulgado durante uma reunião no Uruguai, com a presença de líderes dos dois blocos, incluindo a presidente da União Europeia, Ursula Von der Leyen.
Von der Leyen destacou a relevância do acordo ao afirmar que ele “fortalece a aliança entre os dois blocos como nunca antes”. Além disso, ela ressaltou que a parceria poderá criar um mercado global de mais de 700 milhões de consumidores, conectando economias de relevância internacional.
De acordo com nota conjunta divulgada pelos Ministérios da Agricultura e da Indústria e Comércio do Brasil, as economias dos dois blocos somam impressionantes US$ 22 trilhões. O acordo representa uma oportunidade estratégica para diversificar as exportações brasileiras, além de preservar o espaço para compras governamentais e proteger setores sensíveis como o automotivo.
Para o governo brasileiro, o pacto também reflete um compromisso com a ampliação de mercados e a atração de investimentos internacionais. A expectativa é de que o livre comércio entre Mercosul e União Europeia eleve a competitividade das economias sul-americanas, ao mesmo tempo em que fortaleça laços comerciais com um dos blocos mais influentes do mundo.
Com a revisão legal e a tradução do texto já em andamento, o acordo deve entrar em vigor nos próximos meses, abrindo caminho para novas parcerias e impulsionando a economia global.
Opinião Igor Lucena
O economista e doutor em Relações Internacionais, Igor Lucena, classifica o acordo como histórico, destacando que ele deve transformar significativamente a realidade do Brasil no comércio internacional. Segundo Lucena, “a gradual retirada de tarifas ao longo dos anos promoverá uma modernização na indústria brasileira, além de ampliar o alcance do setor agropecuário no mercado consumidor global”. Ele também ressalta que o pacto representa um contraponto importante ao aumento de tarifas observado nos Estados Unidos e às políticas predatórias e subsidiadas da China. “É um ganha-ganha para a União Europeia, que se tornará o maior mercado do mundo nesse contexto“, afirmou. No entanto, ele pondera que, para alcançar seu potencial máximo, o acordo exigirá adaptações tanto da indústria brasileira quanto da agricultura europeia. Para Lucena, a ratificação do texto no Parlamento Europeu será um passo fundamental, com previsão de início das operações comerciais no final de 2025 ou início de 2026, marcando um momento histórico para as relações comerciais e um exemplo de que o liberalismo econômico segue vivo em um cenário global cada vez mais protecionista.