O mercado de trabalho brasileiro segue apresentando indicadores positivos, com a taxa de desocupação atingindo 6,2% no trimestre encerrado em outubro de 2023, a menor desde o início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, em 2012. O número de empregados alcançou um recorde de 103,6 milhões, enquanto a população desocupada caiu para 6,8 milhões, o menor nível em quase uma década.
Apesar do avanço, economistas apontam desafios estruturais e perspectivas de desaceleração para os próximos meses.
Análise econômica: robustez e estabilidade
Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, os dados confirmam a força do mercado de trabalho. “Estamos vendo o menor nível dessazonalizado de desemprego de toda a série histórica. Além disso, setores como Indústria e Construção se destacaram no período, impulsionando o recorde de trabalhadores ocupados”, afirmou.
No entanto, Cadilhac alertou para o avanço da taxa de informalidade, que subiu de 38,8% para 38,9%, e destacou a influência de fatores como o aumento da população idosa e as transferências governamentais de renda na saída de pessoas da força de trabalho.
Já Leonardo Costa, economista do ASA, chamou a atenção para a estabilidade no desemprego, que segue em 6,5% nos últimos três meses, e para o crescimento moderado da população ocupada (+0,2%). “Os dados da PNAD foram ligeiramente melhores que os do Caged, com crescimento estável da ocupação nos últimos meses. No entanto, seguimos na expectativa de desaceleração da atividade doméstica no 4º trimestre de 2024, sem alterações significativas após o dado divulgado hoje”, explicou Costa.
Salários e massa salarial: força no curto prazo, desafios à frente
O rendimento real habitual dos trabalhadores permaneceu estável em R$ 3.255, enquanto a massa de rendimento atingiu R$ 332,6 bilhões, próxima de recordes históricos. Cadilhac vê o cenário como um possível ponto de inflexão: “Após a pandemia, muitos trabalhadores receberam reajustes salariais significativos. No entanto, a piora da dinâmica de preços pode dificultar aumentos acima da inflação, especialmente considerando as novas regras do salário mínimo”.
Perspectivas para 2024
Ambos os economistas projetam um mercado de trabalho resiliente, mas com desafios estruturais e inflacionários no horizonte. Para Cadilhac, a taxa média de desemprego deve alcançar 6,9% em 2024, terminando o ano em 5,8%. Costa, por sua vez, reforça a importância de monitorar o impacto da desaceleração econômica sobre o mercado de trabalho, especialmente na composição de setores formais e informais.