Em 2022, a Controladoria-Geral da União (CGU) revelou falhas significativas de governança na Caixa Econômica Federal e no Ministério do Trabalho que resultaram em um prejuízo estimado em R$ 2 bilhões para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Estas perdas estão associadas ao programa de microcrédito conhecido como SIM Digital, lançado com o objetivo de oferecer crédito a empreendedores.
O SIM Digital, criado no início de 2022, buscava disponibilizar linhas de crédito acessíveis para indivíduos e microempreendedores, mas culminou em um elevado índice de inadimplência. Esta iniciativa foi criticada pela falta de consulta a órgãos essenciais, como o Conselho Curador do FGTS, e por mudanças arriscadas nas políticas de crédito.
Quais falhas de governança foram apontadas pela CGU?
A CGU destacou várias falhas na concepção e execução do SIM Digital. Uma das críticas centrais foi a ausência de diálogo com o Conselho Curador do FGTS e outros atores importantes durante o desenvolvimento do programa. Além disso, a flexibilização de regras pela Caixa Econômica Federal permitiu operações financeiras mais arriscadas, que não estavam em conformidade com a legislação vigente de 1990. Essas ações contribuíram significativamente para o déficit enfrentado pelo fundo.
Impacto do Prejuízo sobre o FGTS e os Trabalhadores
Embora o prejuízo não afete diretamente os saques dos trabalhadores, ele tem um impacto significativo na distribuição de lucros do FGTS. Como resultado, os rendimentos dos trabalhadores que têm cotas no fundo, foram comprometidos. O FGTS, que tradicionalmente financia projetos de infraestrutura e habitação, viu parte de seus recursos drenados por estas operações malsucedidas de microcrédito.
Como a inclusão de negativados no SIM Digital influenciou o resultado?
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Uma decisão crucial que influenciou o desempenho do SIM Digital foi a inclusão de clientes inadimplentes, ou “negativados”, no programa. A medida provisória originalmente vetava a concessão de créditos a devedores. Entretanto, uma portaria do Ministério do Trabalho alterou essa restrição, permitindo que esses indivíduos se qualificassem para empréstimos. Isso levou a uma inadimplência superior a 80%, complicando ainda mais a recuperação do capital investido.
O que o futuro reserva para o FGTS e seus investimentos?
Apesar dos desafios enfrentados com o SIM Digital, o Conselho Curador do FGTS continua a planejar investimentos robustos. Em outubro de 2023, foi aprovado um orçamento de R$ 142,3 bilhões para diversas iniciativas, com destaque para o setor de habitação. Esse planejamento reflete a determinação em manter o fundo como um pilar de desenvolvimento econômico, mesmo diante de adversidades significativas.