Recentemente, uma pesquisa publicada na revista científica Alzheimer’s & Dementia trouxe à tona uma discussão acerca da ligação entre o consumo de cafeína e o risco reduzido de comprometimento cognitivo leve (CCL) ou doença de Alzheimer. A cafeína, presente em bebidas como café, chá e cacau, é amplamente reconhecida por seu efeito estimulante no sistema nervoso central.
Qual o impacto da cafeína no sistema cognitivo?
A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa que afeta principalmente adultos mais velhos. Ela é causada pelo acúmulo anormal de proteínas beta amiloide ou tau no cérebro, o que interrompe a comunicação entre as células cerebrais, levando à deterioração cognitiva e à perda de memória. Este novo estudo sugere que a cafeína pode desempenhar um papel importante na redução desses riscos.
As pesquisas sugerem que a cafeína pode atuar de diversas formas para proteger o cérebro:
- Redução da formação de placas amiloides: Essas placas são características da doença de Alzheimer e contribuem para a degeneração neuronal. A cafeína pode ajudar a inibir a formação dessas placas.
- Aumento da neuroproteção: A cafeína parece estimular a produção de neurotransmissores, como a dopamina, que estão relacionados à memória e ao aprendizado. Além disso, ela pode ter um efeito antioxidante, protegendo as células cerebrais dos danos causados pelos radicais livres.
- Melhora da função cognitiva: Alguns estudos indicam que o consumo regular de cafeína pode melhorar a atenção, a memória e a velocidade de processamento de informações.

O que foi descoberto no estudo?
O projeto Baltazar examinou as alterações biológicas induzidas pelo consumo de cafeína no cérebro, focando no líquido cefalorraquiano (LCR). A pesquisa coletou dados de 263 indivíduos acima de 70 anos, que apresentavam CCL ou Alzheimer, ao longo de cinco anos. Os participantes foram submetidos a ressonâncias magnéticas e análises de sangue e LCR. Essa pesquisa inovou ao oferecer uma visão mais aprofundada dos efeitos biológicos da cafeína no contexto da saúde cognitiva.
Os resultados indicaram que pessoas com menor consumo de cafeína, definido como 200 miligramas por dia, tinham 2,5 vezes mais chances de serem diagnosticadas com CCL ou Alzheimer em comparação com aquelas que consumiam doses maiores. Além disso, observou-se um aumento nos aglomerados de proteínas beta amiloides, um precursor conhecido da neurodegeneração, nos participantes com consumo reduzido.
Considerações importantes sobre o consumo de cafeína
A pesquisa, porém, não sugere que o consumo excessivo de cafeína seja benéfico sem ressalvas. A ingestão de cafeína deve ser moderada, considerando efeitos negativos potenciais, como a interferência no sono, crucial para a função cognitiva de longo prazo. Além disso, a presença de açúcar em muitos produtos cafeinados, como refrigerantes e bebidas energéticas, também constitui um risco à saúde.
Essas descobertas reforçam a importância do equilíbrio no consumo de cafeína e destacam a necessidade de mais pesquisas para entender integralmente o papel da cafeína na saúde cerebral.
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