O Brasil está enfrentando um ano desafiador em termos de focos de incêndio. No domingo, 22 de setembro de 2024, foram registrados 1.943 focos, segundo o sistema BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior parte desses incêndios está concentrada na Amazônia, com 1.196 ocorrências, representando 61,6% do total.
Mato Grosso é o estado com o maior número de focos no país, somando 547 ocorrências em apenas 24 horas. Outros estados significativamente afetados incluem Amazonas, com 448 focos, e Rondônia, com 239. Esses números são alarmantes e demandam uma análise detalhada das causas e consequências da situação.

Por que os incêndios aumentaram tanto em 2024?
Entretanto o mês de setembro de 2024 já acumula 72.962 focos de incêndio, superando agosto, que teve 68.635 ocorrências. Esse foi o mês mais devastador dos últimos 14 anos. A alta de 144% em comparação com o mesmo período de 2023 mostra a gravidade da situação. Quais são as razões por trás desse aumento preocupante?
Impacto da seca e das ondas de calor
Certamente a seca histórica que o Brasil enfrenta em 2024 é uma das principais causas do aumento nos focos de incêndio. De acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, o país está passando pela pior estiagem em 44 anos. A temporada de seca começou em junho e deve durar até o final de setembro, com intensidade atípica este ano.
Fatores que influenciam a seca
- Fortes ondas de calor: Desde o início da temporada, o Brasil enfrentou seis ondas de calor, enquanto as ondas de frio foram apenas quatro. Essa diferença contribui para o aumento na intensidade das secas.
- Antecipação da seca: Em algumas regiões, o período de seca começou ainda antes do inverno. Na Amazônia, por exemplo, a estiagem se intensificou quase um mês antes do previsto, já no início de junho.
Consequências para a Amazônia
Na Amazônia, a combinação da seca prolongada e dos incêndios está levando a situações extremamente preocupantes. Municípios nessa região enfrentam cerca de um ano de estiagem, a mais longa já registrada até então. Três fatores principais explicam essa situação:
- Intensidade do El Niño: Este fenômeno climático, que aquece as águas do Oceano Pacífico, reduziu significativamente o regime de chuvas na região, influenciando o início da seca.
- Aquecimento anormal das águas do Atlântico Tropical Norte: Em 2023 e 2024, a temperatura das águas acima da América do Sul aumentou entre 1,2°C a 1,4°C, amplificando as condições de seca.
- Temperaturas globais recordes: Julho de 2024 marcou o recorde da maior temperatura global já registrada, criando condições para ondas de calor mais intensas.
O futuro e as medidas necessárias
No entanto a crise dos incêndios no Brasil é um problema multifacetado que exige ações imediatas e coordenadas. Precisamos de políticas eficientes de combate e prevenção a incêndios, além de um esforço contínuo para mitigar as mudanças climáticas que estão por trás de condições extremas como essa.
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Em suma, o cenário atual é alarmante, mas ainda temos a oportunidade de agir. Ao entender as causas e trabalhar nas soluções, podemos esperar um futuro mais seguro e sustentável para o Brasil e para o planeta.