O Acidente Vascular Cerebral (AVC) continua sendo uma das principais causas de morte no mundo, apesar dos avanços na medicina preventiva. Entre 1990 e 2021, houve um aumento de 70% nos casos de AVC globalmente, segundo um estudo recente publicado na revista The Lancet Neurology. Esse crescimento acentuado reflete a necessidade urgente de medidas preventivas eficazes e de conscientização sobre os fatores de risco associados ao AVC.
Um dos aspectos mais alarmantes descobertos pela pesquisa foi a relação entre poluição do ar e AVCs hemorrágicos, como a hemorragia subaracnoidea. A exposição a partículas poluentes foi responsável por 16,6% das mortes por esse tipo de AVC, uma porcentagem próxima à do tabagismo. Esse dado destaca a importância de políticas ambientais rigorosas para controlar a qualidade do ar e, consequentemente, reduzir os casos de AVC.

O que diz o estudo?
Esse mesmo estudo revelou um aumento significativo nas mortes por AVC, com um crescimento de 44% em três décadas. Além disso, a deterioração da saúde relacionada à doença também subiu 32%. As condições ambientais adversas, como o aumento das temperaturas, contribuíram para agravar esses números, demonstrando a complexidade dos fatores envolvidos na incidência de AVC.
Qual a relação entre a poluição do ar e o risco de AVC?
A poluição do ar, um problema crescente em muitas cidades do mundo, representa um sério risco à saúde humana. Uma das consequências mais preocupantes é o aumento do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Mas como, exatamente,a poluição do ar contribui para o desenvolvimento dessa condição?
Mecanismos envolvidos:
- Inflamação: A inalação de partículas finas e gases poluentes desencadeia uma resposta inflamatória no organismo.Essa inflamação crônica pode danificar os vasos sanguíneos, aumentando o risco de formação de coágulos e obstrução das artérias, o que pode levar a um AVC.
- Estresse oxidativo: A poluição do ar gera radicais livres, que são moléculas altamente reativas que danificam as células. Esse processo, conhecido como estresse oxidativo, pode acelerar o envelhecimento das artérias e aumentar o risco de aterosclerose, uma condição que obstrui as artérias e contribui para o AVC.
- Hipertensão: A exposição à poluição do ar está associada a um aumento da pressão arterial, um dos principais fatores de risco para o AVC. As partículas finas presentes na poluição podem penetrar profundamente nos pulmões e causar inflamação, o que, por sua vez, leva a um aumento da pressão arterial.
- Aterosclerose: A poluição do ar acelera o processo de aterosclerose, que é o acúmulo de placas de gordura nas artérias. Essas placas podem se romper, formando coágulos que podem bloquear as artérias do cérebro e causar um AVC.
- Aritmias cardíacas: A poluição do ar também pode desencadear arritmias cardíacas, que são irregularidades no ritmo cardíaco. As arritmias podem levar à formação de coágulos sanguíneos que podem se desprender e bloquear as artérias do cérebro.
Quais são os principais fatores de risco de AVC?
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para todos os tipos de AVC, responsável por 56,8% dos casos globais. Outras causas significativas incluem a poluição atmosférica, que é o segundo maior fator, tabagismo e níveis elevados de colesterol. Esses fatores são impulsionados pelo crescimento populacional e aumento da expectativa de vida, tornando o controle desses riscos ainda mais necessário.
Grupos mais vulneráveis:
- Idosos: Pessoas idosas são mais suscetíveis aos efeitos da poluição do ar, pois seus sistemas imunológicos e cardiovasculares são mais frágeis.
- Crianças: Crianças em desenvolvimento são particularmente vulneráveis à poluição do ar, pois seus pulmões estão em crescimento e seus sistemas imunológicos ainda estão se desenvolvendo.
- Pessoas com doenças preexistentes: Pessoas com doenças cardiovasculares, respiratórias e diabetes são mais propensas a desenvolver complicações relacionadas à exposição à poluição do ar.
Estatísticas globais e o impacto do AVC
Os dados do estudo Global Burden of Disease (GBD) indicam um aumento de 32% na carga global de doenças e mortes prematuras causadas pelo AVC entre 1990 e 2021. Esse aumento está relacionado a vários fatores, incluindo obesidade, temperaturas elevadas, altos níveis de glicose no sangue, consumo excessivo de bebidas açucaradas e baixa atividade física. Essas tendências refletem mudanças nos estilos de vida e condições ambientais ao longo dos anos.
Felizmente, o AVC é amplamente evitável. Em 2021, 84% dos casos foram atribuídos a fatores modificáveis, tais como excesso de peso, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e poluição. Esses números enfatizam a importância de adotar hábitos de vida saudáveis e realizar check-ups médicos regulares para monitorar e controlar esses riscos. Estratégias de saúde pública também desempenham um papel crucial na prevenção do AVC.
Quais medidas de prevenção podem ser eficazes?
Medidas preventivas abrangentes são essenciais para reduzir a incidência de AVC. Estratégias populacionais, como a delegação de tarefas médicas a enfermeiros e agentes de saúde, e o uso de plataformas móveis e telessaúde baseadas em evidências, são soluções pragmáticas. A implementação dessas ações pode ajudar a preencher lacunas nos serviços de saúde, capacitar a força de trabalho e fortalecer sistemas de vigilância epidemiológica.
No combate ao AVC, é fundamental adotar políticas que promovam a saúde em todos os níveis, desde iniciativas de governos até mudanças nos hábitos individuais. A conscientização é a chave para transformar esses números alarmantes e melhorar a qualidade de vida das populações mundialmente.
Para mais informações:
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/avc
- Pfizer: https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/o-que-e-acidente-vascular-cerebral-AVC-tipos-prevencao-tratamento
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