No programa BM&C News de hoje (10), a economista Ariane Benedito discutiu os fatores que podem influenciar a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa de juros.
Segundo a economista, o setor de serviços, que continua aquecido, é um dos principais responsáveis por sustentar a economia, mas também exerce pressão sobre a inflação. Ela destacou que, apesar de um leve arrefecimento recente no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a demanda por serviços e o mercado de trabalho aquecido ainda representam desafios para o controle inflacionário.
Ariane também chamou a atenção para a influência dos preços administrados, como a bandeira tarifária de energia. A recente bandeira verde contribuiu para a desaceleração da inflação, mas uma possível mudança para bandeiras mais caras no fim do ano pode reverter esse cenário e aumentar a pressão sobre o IPCA.
Com relação à política monetária, Benedito alertou que o Banco Central vem enfrentando uma pressão significativa do mercado para aumentar os juros, mas, tecnicamente, ela considera que esse movimento seria prematuro. “Um aumento agora seria mais uma resposta ao mercado do que aos dados reais”, afirmou a economista, reforçando que o cenário atual não justifica um aperto monetário imediato.
Outro ponto levantado foi a diferença entre os juros no Brasil e nos Estados Unidos. Com a expectativa de cortes de juros na economia americana, o Banco Central brasileiro poderia evitar uma alta agora, especialmente se o cenário fiscal interno não apresentar grandes deteriorações. No entanto, a economista lembrou que o risco de uma desancoragem das expectativas inflacionárias continua sendo uma preocupação.
Ariane finalizou ressaltando o desafio político enfrentado pelo Banco Central, que lida com a pressão do governo por uma política monetária mais expansiva. A troca iminente na presidência do Banco Central adiciona uma camada de complexidade à questão, especialmente com o mercado de olho em possíveis mudanças no controle da inflação.