Perícia revela manipulação em máquinas de bichos de pelúcia operadas por empresas ligadas ao jogo de azar; operação policial resulta em apreensões e investigações continuam.
Operação Mãos Leves: Investigação e Descobertas

Imagem: Internet.
Uma operação da Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) do Rio de Janeiro desvendou um sofisticado esquema de fraude envolvendo máquinas de bichos de pelúcia em shoppings da cidade. Denominada “Operação Mãos Leves”, a investigação revelou que as máquinas, populares entre crianças e jovens, foram manipuladas para que os jogadores tivessem poucas chances de capturar os brinquedos.
A operação, que já está em sua segunda fase, teve início com uma série de denúncias de consumidores insatisfeitos com a dificuldade excessiva de ganhar os prêmios. Após a realização de uma perícia técnica, a polícia constatou que as máquinas eram programadas para liberar o prêmio apenas após um número específico de tentativas mal-sucedidas, configurando uma prática semelhante a jogos de azar.
Manipulação do Sistema Eletrônico
A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) revelou que o sistema eletrônico das máquinas de bichos de pelúcia conta com um contador de jogadas. Esse contador é responsável por controlar a potência da garra que captura os brinquedos. Durante a maioria das tentativas, a corrente elétrica enviada à garra é insuficiente para segurar o objeto, impossibilitando o sucesso do jogador.
Em uma das máquinas examinadas, foi constatado que 97% das jogadas resultavam em falha devido à baixa potência da garra. Outra máquina, analisada em uma perícia posterior, apresentava uma taxa de falha de 80%, confirmando a manipulação do sistema para aumentar os lucros das empresas envolvidas.
Apreensões e Material Investigado
Na primeira fase da Operação Mãos Leves, realizada em maio, a polícia apreendeu 80 máquinas de bichos de pelúcia e cerca de 10 mil brinquedos, incluindo pelúcias falsificadas. Essas apreensões ocorreram em um galpão localizado no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, e em diversos shoppings da capital e da Baixada Fluminense.
Na segunda fase, deflagrada na última quarta-feira, a polícia concentrou-se na investigação financeira do esquema. Durante as buscas, foram apreendidos dois cofres contendo valores em reais, dólares e ienes, além de armas, munições, celulares e notebooks. O material foi encontrado em um endereço na Barra da Tijuca, vinculado a um dos principais investigados.
Ligações com o Jogo de Azar e Milícias
As investigações indicam que o esquema de fraude nas máquinas de bichos de pelúcia pode estar ligado a organizações criminosas, incluindo contraventores do jogo do bicho e milícias. Um dos alvos da operação já foi investigado anteriormente por envolvimento com máquinas caça-níqueis, o que levantou suspeitas sobre a participação dessas facções criminosas no esquema.
O delegado Pedro Brasil, titular da DRCPIM, afirmou que as investigações continuam para apurar a possível prática de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros associados ao esquema. Ele também destacou que, embora ainda não seja o momento de divulgar os nomes dos suspeitos, a polícia está focada em desmantelar toda a rede criminosa por trás das fraudes.
Defesas e Contrapontos
Em resposta às acusações, os advogados das empresas London Adventure e Black Rio emitiram notas negando qualquer envolvimento em práticas fraudulentas. A defesa da London Adventure alegou que a empresa opera de forma legal, com produtos adquiridos no mercado interno e que as máquinas são uma forma legítima de entretenimento.
Já o advogado da Black Rio afirmou que as máquinas operadas pela empresa são projetadas para facilitar a captura dos brinquedos, garantindo uma experiência justa para os consumidores. Apesar dessas defesas, as evidências coletadas pela perícia e as apreensões realizadas até o momento indicam que o esquema de fraude era orquestrado para lesar os jogadores e maximizar os lucros das empresas envolvidas.
Continuação das Investigações
As autoridades continuarão as investigações para identificar todos os responsáveis e desvendar a extensão do esquema criminoso. A Operação Mãos Leves, até agora, revelou um complexo sistema de manipulação e fraude que envolvia desde a adulteração das máquinas até a possível ligação com atividades criminosas de maior escala.
O desfecho da operação e a identificação de todos os envolvidos são aguardados com grande expectativa, e a polícia promete manter o foco na proteção dos consumidores e na punição dos responsáveis por essa prática fraudulenta.