Em discurso aguardado durante o simpósio anual de Jackson Hole, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que o tão esperado corte de juros poderá iniciar em setembro deste ano. No entanto, Powell destacou que o ritmo e a extensão desses cortes dependerão diretamente dos próximos dados econômicos e do balanço de riscos para a economia norte-americana.
Powell ressaltou que, embora a inflação tenha caído significativamente e o mercado de trabalho não esteja mais superaquecido, ainda há incertezas que exigem cautela. “O nível atual dos juros nos dá espaço para responder a qualquer risco”, afirmou o presidente do Fed, acrescentando que a confiança na convergência da inflação para a meta de 2% tem aumentado, principalmente devido à política monetária restritiva que ajudou a restaurar o equilíbrio entre demanda e oferta.
O emprego, que vinha em um ritmo superaquecido, também esfriou consideravelmente, com o desemprego permanecendo baixo em relação aos padrões históricos. Powell destacou que o recente aumento do desemprego não decorre de demissões em massa, mas sim de um crescimento na oferta de trabalhadores, o que alivia as pressões inflacionárias. “Parece improvável que o emprego seja fonte de novas pressões inflacionárias”, comentou.
Em sua fala, Powell reiterou que a revisão periódica da política monetária começará ainda este ano, uma iniciativa que visa ajustar as estratégias do Fed conforme a evolução dos indicadores econômicos.
Ele encerrou sua participação no evento enfatizando que o Federal Reserve continuará a tomar todas as medidas necessárias para sustentar um mercado de trabalho robusto, sem comprometer os esforços para controlar a inflação.
Após uma hora de suas falas, o discurso de Powell foi bem recebido pelo mercado, visto como uma conquista na luta contra a inflação sem causar danos severos ao mercado de trabalho.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, destacou hoje em sua participação no BM&C News que o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, trouxe uma sinalização inesperada para o mercado. Segundo William, a abertura para um corte de juros de meio ponto percentual, sugerida por Powell, causou surpresa entre os investidores, que inicialmente esperavam ajustes mais modestos ao longo do ano. Essa mudança de tom reflete a necessidade do Fed de manter suas opções em aberto, permitindo maior flexibilidade na política monetária diante das incertezas econômicas.
O impacto imediato dessa sinalização foi sentido nos mercados financeiros, com o dólar recuando e as bolsas reagindo positivamente, especialmente nos setores de small caps e REITs. William ressaltou que essa resposta do mercado reflete a percepção de que o Fed pode estar mais disposto a apoiar a economia caso os dados econômicos justifiquem uma ação mais agressiva. No entanto, ele também alertou que o mercado de trabalho ainda é uma preocupação significativa, e o Fed deve continuar monitorando de perto a evolução dos dados antes de tomar decisões definitivas.
Além disso, William Castro Alves comentou que o setor imobiliário nos Estados Unidos, em particular, está mostrando sinais de resiliência, com as vendas de moradias novas superando as expectativas. Esse desempenho é visto como um indicador de que a economia americana ainda mantém um certo nível de aquecimento, mesmo diante das incertezas globais. Para William, o Fed deve equilibrar cuidadosamente suas ações para evitar uma recessão enquanto continua a buscar a meta de inflação de 2%.