O jornal Folha de S. Paulo trouxe à tona uma reportagem que revelou mensagens trocadas via WhatsApp entre assessores do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e membros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com o Folha, essas comunicações teriam ocorrido entre agosto de 2022 e maio de 2023, período que abrange a campanha eleitoral que culminou na vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e na derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a reportagem, os assessores de Moraes teriam solicitado informalmente que o TSE elaborasse relatórios sobre indivíduos investigados nos inquéritos relacionados às fake News e às milícias digitais.
Em resposta à publicação, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes emitiu uma nota na noite de terça-feira, afirmando que a solicitação de informações a outros órgãos, como o TSE, é uma prática comum e dentro da normalidade.
Durante o programa BM&C News desta quarta-feira (14), os apresentadores receberam o analista de política e economia Miguel Daoud e o novo comentarista da casa, economista e sócio da Acqua Vero, Bruno Musa.
Daoud iniciou sua participação discutindo os desdobramentos legais e políticos da situação em pauta. Ele destacou que essa situação oferece uma grande oportunidade para a direita questionar o tipo de investigação em curso. Em seguida, comentou sobre a resposta de Alexandre de Moraes à situação, afirmando que tudo foi conduzido dentro da lei. Contudo, ele ressalvou: “isso é opinião dele, mas isso precisa ver em que nível essas investigações ocorreram, para se saber se existe uma ilegalidade.”
Miguel Daoud continuou explorando o impacto dessa questão na política brasileira, mencionando que “isso tudo vem a alimentar os senadores de direita que querem o impeachment por uma série de razões.” Ele acrescentou que, em sua visão, a situação dificilmente chegará a uma conclusão definitiva.
O analista político observou ainda que “é mais um ponto que contribui para que o Brasil fique em discussões que não levem à formação de uma base econômica para que possamos avançar”, embora tenha ponderado: “Alexandre de Moraes tem um risco que vem crescendo, mas não acredito que vai acontecer nada.”
O estreante do dia, Bruno Musa, também compartilhou sua perspectiva sobre a atuação de Alexandre de Moraes.
Musa iniciou sua fala destacando que há evidências suficientes para demonstrar que, nos últimos anos, algo está errado. “Existe algo de errado nesta democracia, pois ao que parece, segundo a Folha, nesses áudios ficou claro que o ministro Alexandre de Moraes pedia ajuste em relatórios contra o que eles chamavam de bolsonarista.”
O economista prosseguiu, enfatizando que essa situação possui um viés político e que não é algo exclusivo do Brasil, citando como exemplo um francês da Comissão Europeia que pediu ao X (antigo Twitter) para censurar uma entrevista de Trump.
Musa concluiu afirmando que isso não é democracia, pois “a democracia conhecida é aquela em que, mesmo que você não concorde com a opinião do outro, ela tem que ser defendida, pois apenas assim será feito o diálogo.”
Por fim, Musa expressou um sentimento semelhante ao de Daoud, ao dizer que essa situação provavelmente não terá desdobramentos concretos. “Infelizmente, isso aqui é Brasil, e não vai dar em nada, apesar de todas as evidências concretas e claras, ao menos de colocar, de pautar e permitir que isso seja feito de uma maneira legal.”
