Na semana de decisão de política monetária, as atenções se voltam para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, que deve anunciar a manutenção da taxa Selic em 10,5%. Alexandre Espírito Santo, economista chefe da Way Investimentos, compartilhou sua análise sobre o cenário econômico atual e as possíveis ações do Banco Central.
Durante entrevista ao BM&C News, Alexandre Espírito Santo destacou a volatilidade do mercado, que tem alternado rapidamente entre otimismo e pessimismo. Ele afirmou: “O mercado está absurdamente ciclotímico; ele sai do céu para o inferno e do inferno para o céu sem passar pelo purgatório.” O termo é uma referência a um comportamento humano parecido com a bipolaridade. Essa instabilidade tem influenciado as expectativas em relação à política de juros, com parte significativa do mercado agora acreditando na necessidade de alta dos juros.
O economista também ressaltou a importância de uma comunicação clara do Copom, sugerindo que o Banco Central deve manter um tom vigilante, sem indicar aumentos imediatos da taxa de juros. “Não vejo ele apertando ainda mais; acho que ele vai no mesmo tom, dizendo que estamos vigilantes e que precisamos de ajustes fiscais”, explicou.
Copom e Taxa Selic
Ele também destacou a necessidade de observar com atenção os preços dos serviços, que permanecem uma preocupação constante. “Os serviços sempre foram e sempre serão uma pedra no sapato”, afirmou, lembrando que alguns indicadores internos não são tão negativos quanto parecem.
Apesar dos recentes números de inflação e das projeções do boletim Focus indicando uma alta, Alexandre Espírito Santo não descarta a possibilidade de uma pequena redução da Selic no final do ano, caso os indicadores econômicos sejam favoráveis. “Eventualmente, eu não descarto e até esse é o meu cenário; se tivermos números favoráveis, o Banco Central pode fazer uma redução de 25 pontos base na última reunião do ano”, disse.
A relação entre a política monetária e o ambiente político também foi abordada. Alexandre Espírito Santo alertou que um aperto adicional na política monetária poderia gerar desconforto no governo, especialmente entre alguns ministros e o presidente. “Se o Banco Central apertar ainda mais, trará mais desconforto no governo”, observou.
O economista concluiu sua análise elogiando o trabalho do Banco Central sob a liderança de Roberto Campos Neto. “O Banco Central tem feito um trabalho excelente na condução da política monetária”, afirmou, destacando a importância de uma postura profissional e equilibrada diante dos desafios econômicos.