
No último dia 18, a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, mais conhecida como Lucinha, do PSD do Rio de Janeiro, foi afastada de seu cargo sem prazo determinado. A decisão veio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na esteira da Operação Batismo realizada pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Lucinha tem sido centro de investigação que aponta sua proximidade com a milícia de Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho. Conhecido como uma das figuras mais perigosas e influentes no cenário do crime carioca, Zinho exerce forte influência em regiões como Campo Grande e Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Os paramilitares o apoiam e chamam Lucinha de “madrinha”.
Quem é a Deputada Lucinha?
Conhecida pelos cariocas como Lucinha, a política Lúcia Helena de Amaral Pinto nasceu no Rio de Janeiro em 25 de setembro de 1960. Com uma carreira política baseada na Zona Oeste da cidade, Lucinha tornou-se a vereadora mais votada do Rio em 2008. Hoje, ela é filiada ao Partido Social Democrático (PSD) e detém um mandato como deputada estadual.
A trajetória política de Lucinha tem sido marcada por polêmicas. Após o primeiro turno das eleições municipais, a parlamentar enfrentou críticas do então candidato majoritário de sua coligação, Fernando Gabeira, que a apelidou de “analfabeta política” com uma “visão suburbana”. Por ironia do destino, ambos foram vistos abraçados em um ato de campanha e Lucinha apoiou Gabeira até o final da disputa eleitoral.
A posição de Lucinha sobre as favelas cariocas
Sua carreira política também foi marcada por uma grande polêmica ao propor um projeto de lei que tinha como objetivo a legalização das favelas do bairro Recreio dos Bandeirantes. Essa proposta gerou uma série de discussões e inúmeros debates acalorados entre a população carioca e a classe política.
Em 2010, foi eleita para o cargo de deputada estadual do Rio de Janeiro pelo PSDB, com uma expressiva votação de 67.035 votos. Ela foi reeleita para o mesmo cargo em 2014, desta vez para o mandato de 2015 a 2019.
Lucinha e suas posições controversas
Em abril de 2015, votou a favor da nomeação de Domingos Brazão para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, decisão que foi amplamente criticada à época. Em contrapartida, em 2017 votou contra a privatização da CEDAE, ações que evidenciam sua postura política diversificada e muitas vezes controversa.
A deputada estadual carioca se ausentou da votação pela revogação da prisão dos deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi, denunciados na Operação Cadeia Velha, acusados de integrar um esquema criminoso envolvendo agentes públicos e grandes empresários da construção civil e do setor de transporte.
Apesar das polêmicas, Lucinha segue com sua carreira política e continua sendo uma figura importante na política carioca e brasileira. Sua trajetória ilustra a complexidade e os desafios do cenário político atual.
A Operação Batismo e as acusações
A Justiça expediu 8 mandados de busca e apreensão contra a deputada. Dentre os locais investigados estavam o gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro do Rio, e sua residência em Campo Grande. Ariane de Afonso Lima, uma funcionária de Lucinha, também foi alvo de buscas.
Além do afastamento de seu mandato, a deputada recebeu restrições de frequentar as sedes da Alerj. Na tentativa de contato feita pelo g1, tanto a deputada quanto a Alerj não responderam.
Quais são as implicações para o cenário político?
O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL), expressou sua expectativa para uma proveitosa defesa por parte de Lucinha. “Desejo que a deputada consiga esclarecer no seu juízo probatório a inocência dela. Eu acho que a ampla defesa, o contraditório, tem que prevalecer sempre”, declarou ao g1.
Policia federal investiga a Deputada Lucinha
As investigações, iniciadas em 2021 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) apontam diversos indícios de envolvimento da deputada e de sua assessora com a cúpula da milícia do Zinho. Dentre as acusações destacam-se interferência na segurança pública do Rio, tentativa de mudança no comando do batalhão da PM em Santa Cruz, vazamento de informações sobre operações policiais e favorecimento de transporte público de vans controladas pela milícia na Zona Oeste.












