Na próxima terça-feira (5), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está programado para divulgar o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Ao se debruçar sobre os dados dos primeiros dois trimestres deste ano, observamos que o desempenho da economia brasileira surpreendeu os analistas, com um crescimento de 1,9% e 0,9% nos respectivos períodos. Contudo, o olho do furacão parece se aproximar.
Os especialistas do mercado estão céticos sobre a manutenção deste ritmo acelerado. Há uma sensação crescente de que a economia chegou ao seu limite na primeira metade do ano, e que agora pode estar se encaminhando para uma desaceleração, ou até mesmo uma retração. O argumento-chave é que o forte estímulo proporcionado pelo agronegócio nos primeiros seis meses do ano não pode ser mantido indefinidamente.
O que era esperado do PIB do terceiro trimestre?

Sergio Vale, economista-chefe do MB Associados, previa uma queda de aproximadamente 0,5% no PIB no terceiro trimestre. Isto seria impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo uma fraqueza na produção agrícola e o impacto de uma política monetária restritiva. “O agro arrefece e os serviços começam a sentir o efeito dos juros”, diz. Vale acredita que as commodities conseguiram sustentar o crescimento no primeiro semestre, mas com a dissipação desses efeitos, a realidade subjacente de uma economia enfraquecida se torna mais evidente.
Existe alguma chance de a economia resistir a este cenário negativo?
Apesar desse cenário sombrio, alguns analistas mantêm um olhar mais otimista. Cristina Helena de Mello, professora de economia na ESPM, refere-se aos efeitos sazonais para desenhar uma perspectiva mais luminosa. Ela argumenta: “Este trimestre já capta as vendas de final de ano. Há certa expectativa de desempenho melhor da economia em função dos programas de governo, tal como o Desenrola, e do otimismo associado às reformas que estão sendo empreendidas”. No entanto, ela também é cautelosa em relação à possibilidade de um crescimento vigoroso.
O olhar dos dados
Os dados que tentam dar uma indicação antecipada do desempenho do PIB tendem a apoiar a tese de uma desaceleração. É o caso do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é frequentemente referido como uma “prévia do PIB”. Ao encerrar o terceiro trimestre com uma queda de 0,64% em comparação com o segundo, o IBC-Br parece corroborar a perspectiva de um desempenho mais fraco da economia. Portanto, em poucos dias saberemos a situação exata, quando o IBGE anunciar os dados oficiais do PIB.