Em entrevista exclusiva, João Pedro Nascimento comenta o Parecer de Orientação 41 e o que falta para as SAFs acessarem a poupança popular
Criadas em 2021 pela Lei 14.193, as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) trouxeram para o mundo do futebol as práticas de gestão empresariais. Desde então, times como Botafogo, Cruzeiro, Vasco, Bahia e, mais recentemente, o Atlético-MG, aderiram à estrutura para aprimorar sua governança, sanear passivos e receber investimentos. O próximo passo é essas sociedades acessarem as alternativas de financiamento do mercado de capitais. Entusiasta do tema, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, está empenhado em desenvolver essa trilha. Em parecer de orientação lançado hoje, a CVM descreve em detalhes tudo o que os gestores das SAFs — e seus respectivos assessores — precisam saber para obter um registro de companhia aberta ou fazer uma oferta pública de valores mobiliários.
O parecer versa sobre aspectos diversos dessa jornada: formação do capital social, elaboração do estatuto social, composição do conselho de administração e divulgação periódica de informações. Também endereça aspectos sensíveis como, por exemplo, a divulgação dos fatores de riscos nos materiais de oferta pública — que merecem um cuidado especial, dada a inclinação do torcedor para investir e ajudar o clube — e a divulgação de fato relevante — cujos responsáveis provavelmente enfrentarão o desafio de estarem constantemente expostos a notícias e comentários de jornalistas e influenciadores.
O documento detalha ainda os diversos veículos a serem utilizados para captação de recursos, para além das emissões de ações ou mesmo das debêntures-fut criadas pela Lei das SAFs. Fundos de participações, fundos imobiliários, fundos de investimento em direitos creditórios, estruturas de securitização e crowdfunding são algumas das alternativas sugeridas pelo parecer às SAFs . “Acreditamos que, com a divulgação do Parecer de Orientação 41, o público entenda que o futebol, além de paixão nacional, é uma atividade econômica passível de investimento”, diz João Pedro Nascimento, presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em entrevista à CAPITAL ABERTO, Nascimento fala em primeira mão sobre o parecer e seus objetivos.