Depois de marcar sua mínima histórica de 2% em 2020, a Selic (taxa básica de juros da economia) voltou a subir e em 2022 o indexador foi um prato cheio para os investidores que buscam boa rentabilidade e segurança nos ativos de renda fixa.
Para 2023, a expectativa é que a Selic permaneça em níveis elevados e continue atraindo investidores para esta classe de ativos. De acordo com a estimativa dos analistas do mercado financeiro, ouvidos para a elaboração do relatório Focus, a Selic deve encerrar 2023 em 12% – pouco abaixo do nível atual de 13,75%.
Segundo especialistas, apesar dessa taxa bastante elevada, a cautela é necessária com as aplicações que possuem volatilidade – como os prefixados e os atrelados à inflação. “Nesse cenário ainda incerto, continuamos a enxergar os ativos pós-fixados como uma boa alternativa conservadora para composição de carteira, aproveitando os patamares altos das taxas de juros”, afirma Camila Dolle, head de Renda Fixa no research da XP Investimentos.
Segundo ela, os títulos IPCA+ (papéis que pagam a inflação mais uma taxa prefixada) também pode ser escolhidos para a proteção contra a inflação, que deve continuar acima da meta do Banco Central. “Para que essa proteção se concretize, lembre –se de que você precisa manter o ativo até o vencimento. Gostamos de ativos de prazo médio em torno de 5 anos”, destaca a especialista.
Já os prefixados devem continuar pagando taxas superiores àquelas que vimos ao longo de 2022. “Isso pode ser uma boa oportunidade, mas não exagere na dose”, alerta Camila. Além disso fique atento aos prazos. “Procure vencimentos entre 3 a 4 anos, pois os prefixados são muito sensíveis às oscilações de mercado durante a vigência do título”, continua.
Uma outra alternativa para diversificação da carteira são os Bonds, que são títulos de dívida corporativa em dólar. “Essa pode ser uma boa oportunidade, mas sempre lembre de observar o seu perfil de investidor antes de aplicar e lembre-se: renda fixa também tem risco”, diz a head da XP.
Renda fixa privada
Entre os papéis de renda fixa, os mais conhecidos são os títulos públicos (negociados pelo programa Tesouro Direto) e os títulos bancários – como os CDBs (Certificado de Depósito Bancários).
Mas também existem também os títulos emitidos por empresas não-financeiras, conhecidos como debêntures. Esses títulos são mais arriscados do que o Tesouro Direto e não possuem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) como acontece nos CDBs.
Segundo especialistas, as debêntures podem ser utilizadas para composição de uma carteira diversificada, com um retorno maior no médio e longo prazo. Mas é preciso ficar atento ao emissor e entender todo risco de crédito envolvido na operação.
“Se você vai investir em uma empresa, ela tem que pagar um juro maior do que o título público, porque o risco também é maior. Por exemplo: se o título prefixado do governo com vencimento em 5 anos paga 15%, o título prefixado emitido pela empresa tem que pagar 16% ou mais”, afirma Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, no guia publicado sobre o tema.
Marília lembra ainda que cada debênture é diferente da outra e esses papéis possuem conjuntos de garantias específicas, prazos distintos de amortização e pagamento de juros. “Não tem uma padronização como acontece nos títulos públicos, por exemplo. A empresa paga no prazo que definir, deixando claro para os investidores todas as regras do papel”, aponta.