Com os reflexos da crise econômica, muitos brasileiros acabaram se endividando. Segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), 76,3% de cidadãos possuíam dívidas em dezembro, sendo o maior patamar da série iniciada em janeiro de 2010.
Para tentar sair deste cenário, muitas pessoas acabam pedindo empréstimos ou utilizando mais o cartão de crédito, o que pode gerar ainda mais dívidas. Segundo Guilherme Ammirabile, assessor de investimentos da iHUB Investimentos, o famoso cartão não é necessariamente um vilão, mas é preciso ter aquele cuidado básico já conhecido: se for gasto mensalmente mais do que se ganha, a pessoa pode entrar em um ciclo vicioso que requer muito mais esforço para sair.
“Parece óbvio, mas o primeiro passo para quem está no processo de se livrar das dívidas, e também o mais importante, é que o consumidor saiba quanto ele ganha de fato. Soa estranho, mas muitas pessoas não sabem quanto recebem, por não saberem o valor líquido do salário, já descontando todos os impostos e deduções”, explica o especialista à BM&C News.
Gustavo Raposo, CEO da Fintech Leve, ressalta que pegar um empréstimo ou um crédito para alcançar uma conquista, com parcelas que ele pode pagar, até é um recurso interessante e pode ajudar muitas pessoas que não possuem outra alternativa, desde que seja feito com cautela.
“O problema está quando as dívidas deixam de ser gerenciáveis. Ou seja, a pessoa não consegue encaixar as parcelas de pagamento dentro do seu orçamento mensal e, por conta disso, para de pagar. Com isso, a dívida vai crescendo, somando juros e perde-se o controle da situação”, alerta o especialista.
COMO SE LIVRAR DAS DÍVIDAS?
Antes de mais nada, é preciso ter disciplina e entender que gastar menos do que ganha requer controle de gastos e dedicação: “Descer um degrau no padrão de vida, não é tarefa fácil. Muito se diz sobre não diminuir os gastos e sim aumentar os ganhos. Isso seria perfeito, mas entendo que não é tarefa simples. Tendo um caixa superavitário (gastando menos do que ganha) é um ótimo indicador que novas dívidas não serão contraídas, e à partir daí começar a honrar a dívida atual”, explica o assessor de investimentos da iHUB.
Ammirabile ainda diz que, caso a pessoa não seja muito organizada, é interessante dividir o mês em semanas: “Ela pode estipular um teto de gasto por semana. Além disso, tentar renegociar a dívida pode ser um bom caminho também. Após essa revisão, se ela conseguir pagar mais de uma parcela por mês, o valor pago diminuirá muito, pois incidirão menos juros”.
Gustavo Raposo, CEO da Fintech Leve, ressalta a importância de possuir uma reserva de emergência para poder arcar com situações que acontecem inesperadamente. Caso não a tenha, o primeiro passo para isso é sair de uma mentalidade de “gasta primeiro e depois guarda” para uma mentalidade de “guarda primeiro e depois gasta”.
“Tem estudos que falam que é isso que diferencia o grupo das pessoas que possuem uma saúde financeira daquelas que não tem. Uma dica para isso é já programar no banco, na hora de receber o salário, já reservar automaticamente um valor que você sabe que não vai te deixar apertado financeiramente e que te ajudaria a montar uma reserva de emergência”, explica ele.
O assessor de investimentos Guilherme Ammirabile traz uma importante reflexão: “Antes de contrair uma dívida, é preciso saber se você realmente precisa comprar o que está comprando. Será que se esperar mais alguns meses, juntando um valor um pouco maior, a parcela não cairá? Outro ponto é: Você consegue pagar confortavelmente essa prestação? Além disso, saiba o prazo e os juros dessa operação financeira. Assim você terá mais noção do quanto de juros estará pagando ao banco”.
COMO COMEÇAR A INVESTIR?
O assessor de investimentos da iHUB Investimentos explica que isso depende de pessoa para pessoa já que, no mundo ideal, cada um deveria ter uma reserva de emergência à disposição, caso haja algum imprevisto.
E essa reserva deve corresponder de 3 a 6 vezes o custo mensal da pessoa. Dessa forma, em caso de perda de emprego, por exemplo, ela teria uma folga de 3 a 6 meses para buscar a recolocação no mercado sem deixar atrasar as contas.
“Então, assim que conseguir controlar a balança de pagamentos individual (receitas – despesas), reserve um valor para a composição da reserva de emergência. Isso poderá evitar a contratação de uma nova dívida”, complementa o Guilherme.
ONDE APLICAR?
Para quem ainda não tem uma reserva de emergência, o CEO da Fintetch Leve recomenda investir em aplicações seguras, de baixo risco e liquidez, como o Tesouro Selic– que com a alta da Selic é hoje a melhor opção – ou então aplicações de Fundo CDI (alguns bancos digitais oferecem rendimento 100% CDI com liquidez diária). No caso de pessoas que já possuem a reserva, aí sim podem fazer planos de investimentos para seus objetivos de médio e de curto prazo.
O assessor de investimentos Gustavo Ammirabile cita a importância da reserva de emergência ter alta liquidez e baixo risco. O especialista também cita o Tesouro Selic, assim como CDBs de liquidez diária.
“Um bom caminho é começar por investimento de longo prazo. Fundos de investimento: multimercados, ações, previdenciários. Títulos de crédito privado: buscar opções com vencimentos longos (a partir de 3 anos)”, explica ele.
Alguns exemplos: CDBs indexados ao CDI, com remuneração acima de 130% desse benchmark. LCIs e LCAs indexados ao IPCA, com juros reais acima de 4%. Não possuem incidência de IR e cumprem a função de proteger contra a inflação.
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