Em 2021, o Nubank (NUBR33) abriu capital na bolsa de valores de Nova York (NYSE), superou o Itaú Unibanco (ITUB4) e se tornou o banco mais valioso da América Latina. Já o Banco Inter (BIDI11) estruturou planos para migrar suas ações para a Nasdaq, bolsa norte-americana, e revelou metas ousadas de expansão para outros países. Assim, não dá para negar que este foi um ano especial para as instituições financeiras digitais, que acirrou ainda mais a disputa entre as fintechs e os bancos tradicionais.
Segundo um levantamento do Instituto Locomotiva, em parceria com a TecBan, cerca de 42% dos brasileiros já possuem contas em fintechs. No entanto, apesar do avanço dos bancos digitais, as instituições financeiras tradicionais também têm muito para celebrar neste ano. O lucro líquido conjunto dos cinco maiores bancos do Brasil somou R$ 23,1 bilhões no segundo trimestre de 2021 e foi o maior montante para um período de três meses na história, de acordo com a Economatica.
Para 2022, as projeções pouco otimistas para o crescimento da economia brasileira se tornam um fator de risco para as instituições financeiras em geral, embora o aumento dos juros seja positivo para essas empresas. Além disso, a implementação do open banking também está no radar do mercado financeiro. Com tantos acontecimentos, a dúvida que fica é: na disputa entre fintechs e bancos tradicionais, quem sairá melhor em 2022?
Fintechs
De acordo com Anderson Meneses, analista CNPI e fundador da Alkin Research, o próximo ano não deve ser tão marcante quanto 2021 para as fintechs, já que não devem ocorrer outras grandes aberturas de capital. A expectativa é que os bancos digitais, especialmente os que estiverem no centro dos holofotes neste ano, ressaltem suas capacidades em lidar com crédito e otimizem ainda mais seus serviços.
“2021 foi um marco importante, que mostrou a força dos bancos digitais. Acho que 2022 vai ser um ano de ganho ainda maior de marketshare (fatia de mercado) para essas fintechs”, explica ele, em entrevista à BM&C News.
Bancos tradicionais
Já em relação aos bancos tradicionais, Meneses acredita que 2022 deve continuar sendo um ano de bons resultados. Entretanto, segundo o analista, a qualidade dos serviços ainda continuará afetando essas instituições e contribuindo para que muitos clientes sigam migrando para os bancos digitais.
“Eu acho que 2022 ainda deve ser um bom ano. Mas, olhando para longe, pode ser que o melhor momento já tenha passado para esses bancos”, explica ele.
Por conta disso, o CEO da Alkin Research acredita que os principais beneficiados no próximo ano serão as instituições financeiras que unem a força dos modelos tradicionais com a inovação das fintechs, como a XP e o BTG Pactual (BPAC11).
O que esperar do open banking para 2022?
Neste mês, a fase 4 do open banking começou a ser implementada e o sistema atingiu a marca de 1 milhão de autorizações para compartilhamento de dados, segundo o Banco Central. Basicamente, o serviço permite que os clientes autorizem o distribuição de suas informações entre diferentes instituições, o que trará agilidade e eficácia para a movimentação de contas bancárias e a realização de serviços financeiros.
Ao contrário do Pix, a implementação do open banking não é tão simples e, de acordo com Meneses, os principais benefícios do sistema devem ficar para 2023. Porém, os primeiros impactos já devem ser sentidos ao longo do próximo ano, conforme o número de usuários do sistema vá aumentando.
Segundo o analista, as fintechs devem tirar mais proveito do serviço em comparação com os tradicionais. Afinal, ao permitir a troca de informações entre diversas instituições, os bancos digitais terão acesso a uma base de dados maior, o que facilitará ainda mais a migração dos clientes.
“A força dos bancos tradicionais está no acesso ao capital, que é muito massivo. Para estimular a concorrência e abaixar essa régua, o open banking é super benéfico e deve acelerar a equalização (entre bancos tradicionais e fintechs), que já vai acontecer de qualquer forma”, conclui Meneses.