
O mês de setembro foi marcado por muita turbulência no mercado acionário brasileiro, o que fez com que o Ibovespa (principal índice de ações da B3) registrasse queda de 6,57% no acumulado dos 30 dias.
Este foi o pior retorno acumulado em um mês desde março de 2020, quando o Ibovespa foi duramente afetado pelo crash dos mercados globais e desabou quase 30%.
No cenário interno, as incertezas políticas e fiscais, aliadas a forte alta da inflação, continuam contribuindo para aumentar a tensão do mercado acionário.
Mas as pressões externas também ficaram no radar dos investidores. Na China, a gigante do setor imobiliário Evergrande enfrenta dificuldades para honrar sua dívida, que ultrapassa a faixa dos US$ 200 bilhões e preocupa o mundo pela possibilidade de default (calote) e um contágio para ou outros setores e economias.
Além disso, nos EUA, as discussões sobre o aumento do teto da dívida e os temores de calote também ajudaram a aumentar a desconfiança dos investidores.
Diante deste cenário, das 91 ações que fazem parte do Ibovespa, apenas 21 registraram alta no mês passado, enquanto a grande maioria (70 papéis) amargaram prejuízos.
Veja abaixo as 5 maiores altas e as 5 maiores quedas do principal índice da B3:
Maiores altas
1 – Marfrig (+33,36%)
2 – PetroRio (+30,52%)
3 – Minerva (+25,00%)
4 – JBS (+18,93%)
5 – BRF (+15,67%)
As ações da Marfrig (MRFG3) lideraram entre as altas do Ibovespa em setembro, com valorização de 33,36% aos R$ 25,66.
A empresa é uma grande exportadora de proteína animal, portanto tem boa parte da sua receita em dólar, e vem sendo beneficiada pela alta da cotação da moeda ante o real. Apenas em setembro, o dólar se valorizou 5,3%.
Além dela, outras três empresas da lista também fazem parte do setor de proteína: Minerva (BEEF3), que subiu 25%; JBS (JBSS3), com alta de 18,93% e BRF (BRFS3), que valorizou 15,57%.
Dentre essas quatro empresas do setor, a equipe da XP Investimentos destaca a JBS como a preferida dos analistas, principalmente pelo seu valuation atual. “Está abaixo dos patamares justos, na nossa visão”, afirmam.
Além dessas 4 ações, outro destaque do mês foi a PetroRio, com valorização de 30,52%, aos R$ 25,66. A empresa foi beneficiada pela alta do petróleo no mês passado, além de ter disparado no último pregão após notícias de que seria uma boa candidata a vencer o leilão do campo de Albacora, que a Petrobras colocou à venda.
Maiores quedas
1 – Banco Inter (unit) (-31,18%)
2 – Banco Inter (PN) (-28,56%)
3 – Via (-25,79%)
4 – Americanas (-25,24%)
5 – Magazine Luiza (-21,38%)
Entre as maiores quedas do mês, destaque para os papéis do Banco Inter. As units (BIDI11) desabaram 31,18%, enquanto as ações preferenciais (BIDI4) recuaram 28,56%. No começo desta semana, as ações despencaram após uma notícia divulgada no Broadcast, que informava que o banco preparava um aumento de provisão para as perdas do balanço.
Além disso, as questões macroeconômicas do país também contribuíram para a queda dos papéis do banco.
Os outros três papéis com maiores baixas foram de varejistas: VIA (VIAA3), que recuou 25,79%; Americanas (AMER3), com queda de 25,24%; e Maganize Luiza (MGLU3), que caiu 21,38%.
Segundo analistas, o cenário macroeconômico também afetou o desempenho destes papéis, que são muito influenciados pelo aumento dos juros e da inflação. No mês passado, o Banco Central decidiu aumentar novamente a Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual, para os atuais 6,25% ao ano.