
O grupo varejista GPA, dona do Pão de Açúcar, divulgou lucro líquido consolidado de R$ 4 milhões no segundo trimestre, o que equivale a uma queda de 95,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já outra rede de varejo, a Assaí Atacadista, obteve forte crescimento e reportou receita bruta de R$ 10,9 bilhões, aumento de R$ 1,9 bilhão na mesma comparação.
Leia também:
- Vale a pena ter Vamos na carteira? Analista avalia cenário da companhia
- IPO da Raízen: Analistas indicam preço-alvo de R$ 10,59
Para explicar a diferença de resultados de ambos os players, Fernando Fontoura, gestor de renda variável da Persevera, analisou, em entrevista à BM&C News, que o principal fator é o modelo de loja.
“O Pão de Açúcar ficou puro e simplesmente com o modelo tradicional de supermercado ou hipermercado, enquanto que o Assaí é um player 100% daquele modelo, que o pessoal costuma chamar de cash & carry, ou também conhecido como atacarejo”, disse.
O profissional explicou que, com a reabertura econômica, os pequenos negócios alimentares tendem a voltar às atividade e a comprar nesse modelo de cash & carry, incentivada pela necessidade de busca por economias e ofertas. “Essa é uma tendência que tanto tem esse componente relacionado à questão da pandemia, mas tem essa questão secular de saída dos supers e ida para o cash & carry. Essa mesma tendência a gente viu no resultado de Carrefour”, destacou o gestor de renda variável.
“Carrefour, diferente do GPA e Assaí, é um play mix”, analisou Fontoura e completou dizendo que, entre esses resultados em discussão, o desempenho do Carrefour ficou no meio por conta desse mix. “Essa tendência secular a gente acredita que vai continuar e, nesse sentido, a gente não gosta muito da posição de Pão de Açúcar”, ponderou.
Para o Fontoura, a justificativa das ações do Grupo estarem caindo de maneira tão intensa é o resultado ruim de Pão de Açúcar em comparação com os resultados isolados de hiper e super do Carrefour.
“Quando você olha o mesmo segmento dentro do Carrefour, esse segmento performou muito melhor, então parece que existe algum problema de execução mesmo dentro do Pão de Açúcar e a gente acha que essa queda é justificável”, explicou Fontoura.
Além disso, o gestor da Persevera, destacou que, apesar de também ter enxergado uma boa performance de Assaí, prefere o mix e a boa execução do Carrefour.
“Lá atrás deu muito certo, porque os hipers e os supers performaram bem e o cash & carry não performou tão bem devido aos pequenos negócios pararem de comprar. A gente também acredita que dentro do Carrefour existe uma oportunidade que não é muito bem capturada pelo mercado no ativo imobiliário”, analisou.
Confira a entrevista na íntegra: