
Uma massa de ar frio polar passa pelo Brasil com grande intensidade esta semana. Em alguns estados, principalmente da região sul do país, as temperaturas podem chegar aos -10ºC, com geadas e risco de neve, conforme reportou a MetSul Meteorologia. Sudeste e Centro-Oeste também serão muito afetados.
Essa sequência de ondas de frio vem afetando as plantações de café severamente, que já estimam quedas na produção para 2022. De acordo com a diretora da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Vanusia Nogueira, a persistência das temperaturas baixas pode ocasionar perdas de até 4,5 milhões de sacas de 60 quilos em 2022.
Caso o tempo continue desfavorecido e as safras tenham mais perdas, além das perdas para o ano que vem, é possível que a oferta de café para 2023 também seja afetada. é o que acredita Maurício Bellinelo, especialista em commodities. De acordo com ele, algumas áreas já estão perderam entre 20% a 25%. Ele destacou ainda que o café arábico, que o Brasil é o maior produtor do mundo, sempre tem uma demanda muito alta e, por consequência, os preços estão subindo no mercado. internacional.
A saca de 60 kg que era vendida a R$ 606 em dezembro de 2020, atingiu R$ 960 nesta sexta-feira, 23, em São Paulo – alta de quase 60%. Com o anúncio da onda de frio desta semana, os preços chegam próximos de R$ 1.100,00, alta de quase 10%. Além da colheita mais fraca, a alta do dólar ajudou na subida das cotações.
Apesar disso, ele enfatiza que empresas como Starbucks, cotada na Nasdaq, e a Nespresso, empresa da Nestle SA, cotada na Suiça, não terão grandes impactos caso a safra não tenha perdas maiores.
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Ajuda do Governo Federal e levantamento da Conab
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, fez uma visita aos cafezais em Alfenas, no sudoeste de Minas Gerais, na última sexta-feira (23) para verificar a situação causada pelo frio e pelo período de seca. Após conversar com produtores de café, a ministra firmou o compromisso em ajudar os agricultores.
“Quando eu recebi os relatos da geada do dia 20 de julho, eu fiquei muito preocupada. Eu sei o esforço para produzir e a frustração de perder a plantação num ano com boas previsões de valores”, disse Cristina, que prometeu buscar uma solução para a situação. “Viemos aqui para ver, ouvir e achar soluções em conjunto, sentarmos à mesa para identificarmos uma solução, que não será única. A geada pegou pontos diferentes e, por isso, vamos trabalhar em uma solução conjunta com o estado de Minas Gerais, prefeitos e cooperativas.”
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, enviou equipes ao campo para avaliar os estragos das geadas na cafeicultura. Em nota, a Conab informou que as geadas do último dia 20 de julho atingiram uma área entre 150 mil e 200 mil hectares de café arábica
“Agora, resta saber qual a intensidade do dano. Em 15 dias vamos ter a certeza do que teremos de fazer para ajudar principalmente o pequeno produtor”, disse o diretor de Política Agrícola e Informações, Sérgio De Zen. O tamanho corresponde a 11% do total de área destinada a variedade do café arábica.
De acordo com o dirigente, a cafeicultura nacional é representada por 700 mil cafeicultores, a maioria com área de até 20 hectares. “O custo para formar um cafezal gira em torno de R$ 20 mil por hectare, o que dá uma ideia do possível prejuízo. Tem muita gente que depende do café e vamos analisar o que pode ser feito. A geada agravou uma situação que já era difícil, pois o produtor já enfrentava problemas com a seca. A crise hídrica com certeza agravou os efeitos das geadas.”
Por que temperaturas baixas e geadas prejudicam o café?
A frente fria desta semana traz temperaturas muito baixas e geadas mais severas. Os dois são fatores que prejudicam as plantações de café. Abaixo de 10ºC já é fator de risco para a morte da planta. A temperatura ideal é entre 18ºC e 22ºC.
Frio mais humidade ocasiona a aceleração na maturação dos frutos, que os deixa mais secos; ocorre uma maior queda dos frutos ao chão provocada pelo tempo úmido; e a queda de folhas devido ao choque hídrico nas folha.
Além disso, as geadas “queimam” folhas e caules. O acúmulo de gelo sobre as plantas danifica. A água dentro das estruturas dos vegetais se congela, e isso provoca a morte de seus tecidos celulares, por isso fica com aquele aspecto escuro.
*Com informações de Estadão Conteúdo
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