A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (17) uma nova redução no preço do diesel A vendido às distribuidoras. A partir desta sexta-feira (18), o litro passa a custar R$ 3,43 — uma queda de R$ 0,12 em relação ao valor anterior, representando uma retração de 3,38%.
Com a mistura obrigatória de 86% de diesel A e 14% de biodiesel para composição do diesel B, a estatal calcula que a parcela do combustível vendida pela empresa representará R$ 2,95 por litro no preço final ao consumidor. O repasse integral ao consumidor, porém, dependerá da política de preços das distribuidoras e de impostos estaduais.
A decisão vem em um momento de forte oscilação no mercado internacional de petróleo. A queda recente nas cotações do Brent, influenciada por novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, tem levantado preocupações sobre uma possível desaceleração econômica global, o que afeta diretamente as projeções de demanda por combustíveis.
Outro fator relevante para o movimento da Petrobras foi a valorização do real frente ao dólar nas últimas semanas, o que favorece a redução de custos na importação de derivados.
Estratégia e política de preços
A Petrobras mantém sua política de precificação com base em fundamentos técnicos, observando o comportamento do petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio. Segundo analistas de mercado, a empresa tem adotado uma postura mais conservadora em relação à velocidade de repasses, evitando volatilidade excessiva nos preços internos.
De acordo com dados da companhia, esta é a segunda queda no preço do diesel em menos de um mês. No início de abril, a Petrobras já havia anunciado uma redução de R$ 0,17 por litro. No acumulado desde dezembro de 2022, a companhia afirma que o preço do diesel vendido às distribuidoras caiu R$ 1,06 por litro. Corrigido pela inflação, a redução real chega a R$ 1,59.
Efeitos no setor e expectativa inflacionária
A queda nos preços deve aliviar parcialmente os custos do setor de transportes, que ainda enfrenta pressão com o aumento de custos operacionais. Como o diesel é o principal insumo para o transporte de cargas no Brasil, a medida pode ter efeitos indiretos na cadeia logística e nos preços de alimentos e bens de consumo.
No entanto, especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que ainda haveria espaço para uma redução mais significativa. Cálculos do setor privado apontam que os preços poderiam ter sido ajustados em até R$ 0,30, refletindo de forma mais completa a conjuntura externa e o câmbio atual.
Clima político e projeções
A redução ocorre em meio a pressões do governo federal por preços mais acessíveis nos combustíveis, sobretudo em um ano de desafios para a atividade econômica e diante do risco de retomada da inflação. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já havia declarado publicamente que o cenário atual abria margem para quedas adicionais nos combustíveis.
Apesar disso, a Petrobras vem reiterando que suas decisões seguem critérios técnicos e que não há interferência política direta nas decisões de preços. No mercado, investidores seguem atentos a qualquer sinal de mudança na governança da companhia ou na condução de sua política comercial.
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