A legislação de trânsito brasileira consolidou-se como uma das mais rigorosas do mundo, estabelecendo a tolerância zero para quem assume o volante após consumir qualquer quantidade de álcool. O que antes era tratado apenas como infração administrativa, hoje se tornou o foco central das fiscalizações para reduzir a letalidade nas rodovias, com punições que pesam no bolso e na carteira.
Qual é a punição para quem é pego no bafômetro?
Seja um simples copo de cerveja ou o uso de substâncias mais pesadas, a lei não faz distinção na gravidade do ato quando o objetivo é a segurança viária. A infração é classificada automaticamente como gravíssima, mas com um detalhe cruel para o infrator: o fator multiplicador de 10 vezes sobre o valor base.
Na prática, isso significa que a multa aplicada chega a R$ 2.934,70, além da abertura imediata de um processo de suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Se o motorista for reincidente nesse comportamento no período de um ano, o valor da penalidade dobra, saltando para assustadores R$ 5.869,40.

Quando a infração se torna crime de trânsito?
Existe uma linha tênue que separa a dor de cabeça administrativa da esfera criminal, onde o condutor pode sair da blitz algemado. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o motorista é preso em flagrante se o teste do bafômetro apontar concentração igual ou superior a 0,34 miligramas de álcool por litro de ar alveolar.
No caso de outras drogas ilícitas, a constatação de sinais visíveis de alteração comportamental, confirmada por laudo médico ou perícia, também enquadra o condutor no crime de trânsito. A pena prevista inclui detenção de seis meses a três anos, além de todas as sanções financeiras e administrativas já citadas.
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Recusar o teste livra o motorista da penalidade?
Esse é, sem dúvida, um dos maiores mitos espalhados pelas estradas e grupos de mensagens. A recusa ao teste do bafômetro é tratada com o mesmo rigor do resultado positivo, gerando exatamente as mesmas sanções administrativas: a multa de quase 3 mil reais e a suspensão da CNH por um ano.
Embora a recusa seja um direito constitucional para não produzir provas criminais contra si mesmo (evitando a prisão em flagrante), ela não impede a autuação. Para facilitar o entendimento, comparamos os cenários possíveis durante uma abordagem policial na tabela abaixo:
| situação na blitz | consequência imediata | penalidade aplicada |
|---|---|---|
| teste positivo (até 0,33 mg/l) | infração gravíssima | multa + suspensão de 12 meses |
| teste positivo (acima de 0,34 mg/l) | crime de trânsito | prisão + multa + suspensão |
| recusa ao teste | infração gravíssima | multa + suspensão de 12 meses |

O impacto das drogas na direção defensiva
A fiscalização moderna não busca apenas álcool; ela está atenta a substâncias como maconha, cocaína e anfetaminas (os populares “rebites”). Enquanto a maconha causa relaxamento excessivo e perda de reflexo, os estimulantes geram agressividade e excesso de confiança, levando a ultrapassagens fatais.
Para combater isso, as autoridades vêm ampliando progressivamente o uso dos “drogômetros”, equipamentos capazes de analisar a saliva para detectar o uso recente em questão de minutos. O argumento de que a droga foi consumida horas antes não invalida a autuação se os vestígios químicos ainda estiverem ativos no organismo do condutor.
O preço da imprudência vai muito além do valor da multa
Não existe quantidade segura para dirigir; qualquer vestígio detectado é passível de punição máxima. O impacto financeiro pode ultrapassar R$ 5 mil em caso de reincidência, sem contar os gastos com advogados e a retirada do veículo apreendido.
Mais do que o prejuízo, a alteração dos sentidos é a principal causa de acidentes fatais no país. A lei rígida tenta transformar o veículo apenas em um meio de transporte, e não em uma arma potencial nas mãos de quem não está apto a dirigir.

