As ações do Grupo Mateus (GMAT3) registram nova queda nesta sexta-feira (21), acumulando sete pregões consecutivos no campo negativo e uma desvalorização próxima de 25% desde a divulgação do balanço. Apenas nos últimos cinco dias, os papéis já caíram cerca de 20%. Por volta das 15h20, GMAT3 recuava 1,53%, negociada a R$ 5,02, refletindo a deterioração do sentimento do mercado após a companhia revelar um erro de R$ 1,1 bilhão na contabilização de estoques.
O balanço patrimonial de 2024 mostrou que o valor das mercadorias estocadas estava superavaliado em R$ 1,1 bilhão devido a falhas no cálculo do custo médio das mercadorias vendidas, um dos indicadores mais sensíveis no varejo. A correção reduziu o montante registrado de R$ 6 bilhões para R$ 4,9 bilhões. Para analistas, a distorção expôs fragilidades no controle interno da empresa e colocou em xeque a consistência do processo de auditoria.
Em análise à BM&C News, Marco Saravalle, CIO da MSX, afirmou que um erro dessa magnitude não deveria passar despercebido em uma empresa do porte do Grupo Mateus. Segundo ele, o episódio acende um alerta importante sobre governança e confiabilidade dos números. “Uma diferença pequena pode acontecer em qualquer grande varejista, mas um erro dessa magnitude acende um alerta importante. Isso sinaliza falha de auditoria, seja interna ou externa, e levanta dúvidas sobre a capacidade da empresa de validar seus próprios processos”, disse Saravalle.
A falha não afeta apenas a fotografia contábil da empresa, mas também o patrimônio e os acionistas, contribuindo para a reação negativa no mercado. Ele lembrou que inconsistências em estoques já foram vistas em outras redes varejistas e que a recorrência desse tipo de caso reforça preocupações sobre governança no setor. “Já vimos situações parecidas em outras redes varejistas. Quando começa a aparecer com recorrência, isso se torna um ponto de atenção sobre governança e acompanhamento de processos dessas empresas listadas”, afirmou o estrategista-chefe.
Saravalle também destacou que episódios desse tipo elevam a percepção de risco e podem dificultar o acesso ao crédito. Segundo ele, é natural que investidores reduzam exposição a companhias que apresentam fragilidades contábeis, o que pode desencadear revisões negativas de rating e encarecer o custo de capital. Para o mercado, o próximo passo será avaliar como a companhia se posicionará para explicar a origem do erro, reforçar mecanismos de controle e assegurar que o problema não se repetirá. Enquanto isso, as ações seguem refletindo a cautela dos investidores diante do episódio.
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