No Brasil, o salário mínimo tem a função de garantir condições básicas de subsistência para os trabalhadores e suas famílias. De acordo com a Constituição Federal, esse valor deve ser suficiente para cobrir despesas com alimentação, saúde e educação, além de outros custos essenciais como moradia, transporte, vestuário, lazer, higiene e previdência. No entanto, surgem questionamentos sobre a real capacidade do atual piso salarial em suprir essas necessidades.
Em 2025, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) trouxeram importantes reflexões sobre essa temática. Em setembro deste ano, o salário mínimo brasileiro foi estabelecido em R$ 1.518,00. Mas será que esse valor é realmente suficiente para proporcionar uma vida plena às famílias brasileiras?
Qual é o salário mínimo ideal para atender às necessidades básicas?
Segundo um estudo realizado em agosto de 2025, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas no Brasil deveria ter sido de R$ 7.147,91. Esse valor é expressivamente superior ao piso vigente naquele momento, representando uma diferença de 4,71 vezes. Esse cálculo baseou-se na cesta básica mais cara entre as capitais brasileiras, a de São Paulo, que custava R$ 850,84. Essa diferença entre o necessário e o disponível evidencia um descompasso entre o salário mínimo oficial e o custo de vida real das famílias trabalhadoras.
A evolução do custo da cesta básica ao longo dos anos
Em relação a agosto de 2024, observou-se um aumento significativo de 8,20% nos custos do conjunto de alimentos em São Paulo. Nessa perspectiva, o salário mínimo necessário também registrou ajuste, estimado em R$ 6.606,13, ou seja, 4,68 vezes acima do piso nacional daquele ano, que era de R$ 1.412,00. Essa variação anual reflete a inflação e outros fatores econômicos que afetam os preços dos produtos essenciais, impactando diretamente o poder de compra da população.
Como o salário mínimo e os custos básicos se alinham no Brasil?
Os dados apontam que, em agosto de 2025, um trabalhador que recebia o salário mínimo comprometeu cerca de 49,89% de sua renda apenas para adquirir a cesta básica de alimentos. Esse cenário evidencia as dificuldades enfrentadas pelas famílias, que precisam lidar com a insuficiência dos salários para cobrir outros gastos essenciais além da alimentação.
Capitais das regiões Sul e Sudeste, após São Paulo, também registraram custos elevados nas cestas básicas, indicando uma tendência geral de preços altos nessas áreas geográficas. Esses valores servem como indicadores críticos para compreender como uma parte substancial do salário mínimo já é comprometida com despesas alimentares, deixando pouco espaço para outras necessidades básicas dos cidadãos.
O que pode ser feito para melhorar a situação?
Manter o equilíbrio entre o salário mínimo estipulado e o custo real de vida no Brasil exige políticas públicas eficazes que abordem questões como inflação, custo de vida e desenvolvimento econômico sustentável. Estratégias para aumentar o poder aquisitivo dos trabalhadores, além de revisão e ajustes periódicos no salário mínimo, são essenciais para assegurar que as famílias possam manter um nível de vida digno.
