Durante participação no evento do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais) nesta sexta-feira, em São Paulo, o presidente da Vale, Gustavo Pimenta, apresentou um panorama otimista — mas atento aos desafios — do setor de mineração global. Ele destacou o papel estratégico da empresa na transição energética e na descarbonização da indústria, além de reafirmar a meta de reposicionar a mineradora como a maior produtora mundial de minério de ferro até 2030.
“Uma das razões que me fizeram voltar ao Brasil foi a chance de contribuir com uma companhia que pode transformar a vida das pessoas e gerar impacto real na sociedade”, afirmou Pimenta.
Contexto desafiador, mas com fundamentos sólidos
Apesar do cenário macroeconômico instável, com tensões geopolíticas, guerras e barreiras comerciais afetando o preço das commodities — o minério de ferro, por exemplo, caiu de US$ 105 no início do ano para US$ 93 por tonelada —, o executivo enxerga resiliência na economia real. “A produção de aço na China segue firme, e mercados como o Sudeste Asiático e o Oriente Médio continuam crescendo”, afirmou.
Vale 2030: crescimento sustentável e protagonismo global
A companhia lançou o plano estratégico “Vale 2030”, que projeta aumento da produção de minério de ferro dos atuais 328 milhões para 360 milhões de toneladas ao ano. O objetivo é retomar a liderança global no setor, mas com uma proposta diferente: oferecer minério de alto teor com menor pegada de carbono, contribuindo com a descarbonização da cadeia do aço — uma indústria que hoje responde por cerca de 8% das emissões globais de CO₂.
“A transição energética é boa para o mundo, e é boa para a Vale”, afirmou. “Descarbonização é o nosso negócio. Quanto mais rápido ela ocorrer, melhor para nós.”
Hubs de aço verde e industrialização sustentável
A Vale está investindo em soluções para viabilizar a produção de aço com menor impacto ambiental, como o “briquete verde”, uma alternativa com menor emissão de carbono. Segundo Pimenta, a empresa estuda a criação de hubs de aço verde no Oriente Médio, com base em gás natural, e também vislumbra potencial para o Brasil participar da industrialização verde por meio do hidrogênio verde.
“O Brasil pode, pela primeira vez, ser competitivo numa rota de industrialização sustentável. E isso pode gerar um prêmio de mercado para nossos produtos”, disse.
Vale foca em minerais críticos e expansão da produção de cobre
Outro pilar estratégico é a expansão da produção de minerais críticos. A Vale planeja dobrar a produção de cobre nos próximos dez anos, saindo das atuais 350 mil para cerca de 700 mil toneladas anuais, com foco na região de Carajás (PA), que Pimenta classifica como uma das mais promissoras do mundo para esse minério.
“O cobre é fundamental para eletrificação e redução da pegada de carbono. O Brasil tem um potencial enorme que precisa ser melhor aproveitado”, afirmou.
Mineração com legado ambiental e social na Vale
O executivo também reforçou o compromisso da empresa com uma mineração mais moderna, com menor impacto ambiental e que gere benefícios duradouros para as comunidades.
Como exemplo, citou a atuação da Vale na Floresta Nacional de Carajás, onde, segundo ele, foram evitadas mais de 660 tentativas de invasão ilegal nos últimos três anos. “Se não fosse a nossa presença ali, essa floresta teria sido devastada”, alertou.
Para Pimenta, o futuro da mineração exige mais do que responsabilidade: “Podemos ser mais do que responsáveis. Podemos ser parceiros das comunidades, deixar um legado positivo e sermos chamados para sermos vizinhos, e não evitados.”
Com esse discurso, a Vale busca não apenas consolidar sua liderança global, mas também se firmar como referência em mineração sustentável e parceira estratégica na transição energética global.