A estranha satisfação de espremer uma espinha é um comportamento quase universal que intriga muitas pessoas. A psicologia explica que esse prazer vem de uma combinação poderosa de instinto de limpeza, liberação de dopamina e uma gratificante sensação de controle.
O instinto de limpeza e a necessidade de remover imperfeições
Nosso cérebro está programado com um instinto de grooming (limpeza), uma herança evolutiva para remover parasitas ou imperfeições da pele. Uma espinha, com seu ponto de pus visível, é percebida pelo cérebro como algo “errado”, um corpo estranho que precisa ser expulso para restaurar a ordem, veja abaixo o vídeo do canal Dra. Anna Luyza Aguiar:
Esse impulso de “consertar” a pele é uma resposta automática e poderosa. O ato de espremer é a manifestação desse desejo de limpeza, de remover o que não pertence e deixar a superfície da pele lisa novamente, mesmo que o resultado final seja uma inflamação pior.
A liberação de dopamina e o ciclo de recompensa do cérebro
O verdadeiro motor do prazer está na neuroquímica. O processo de localizar uma espinha, a tensão da antecipação e o momento da “explosão” bem-sucedida ativam o sistema de recompensa do cérebro, liberando uma pequena onda de dopamina, o neurotransmissor do prazer e da satisfação.
Essa descarga de dopamina cria um ciclo de reforço positivo: o cérebro aprende que espremer espinhas gera uma sensação boa e um alívio imediato da tensão. É o mesmo mecanismo por trás de muitos outros hábitos. O ciclo viciante funciona assim:
- Tensão: A visão da espinha cria um sentimento de urgência e tensão.
- Ação: O ato de espremer é a resposta a essa tensão.
- Alívio e Recompensa: A extração bem-sucedida libera a tensão e o cérebro libera dopamina.
- Reforço: O cérebro associa a ação ao prazer, fortalecendo o desejo de repetir o comportamento.
A sensação de controle sobre o próprio corpo e a ansiedade
Em um mundo onde muitas coisas fogem ao nosso controle, o ato de gerenciar algo no próprio corpo oferece uma sensação tangível de agência e poder. “Resolver” o problema da espinha com as próprias mãos proporciona um sentimento de ordem e realização imediata.
Para muitas pessoas, esse comportamento se intensifica em momentos de estresse ou ansiedade. A concentração exigida para a tarefa serve como uma distração de pensamentos ansiosos, e o resultado visível (a extração) oferece uma conclusão satisfatória que a vida real nem sempre proporciona.
Leia também: Por que balançamos a perna sem parar quando estamos sentados, segundo especialista
Quando o hábito se torna uma compulsão perigosa?

Embora seja comum, o hábito pode se transformar em um Comportamento Repetitivo Focado no Corpo (CRFC), como a dermatilomania (skin picking). Isso acontece quando o ato de espremer se torna a principal forma de lidar com emoções negativas e a pessoa não consegue parar, mesmo que cause danos à pele.
A popularidade de figuras como a Dra. Sandra Lee, a “Dr. Pimple Popper”, mostra o quão generalizado é esse fascínio. No entanto, é crucial reconhecer a linha tênue entre um hábito satisfatório e uma compulsão prejudicial que exige ajuda profissional.
Gostou de entender a psicologia por trás desse hábito tão comum? Compartilhe com quem vai se identificar com essa sensação!













