Com os juros ainda elevados e o crédito bancário cada vez mais restrito, os produtores rurais têm buscado alternativas mais eficientes para garantir o capital necessário à produção. Embora o novo Plano Safra 2025/2026 preveja R$ 85,7 bilhões em recursos para a agricultura familiar, uma parcela expressiva do agronegócio, especialmente médias e grandes operações, segue fora da cobertura dessas linhas subsidiadas. Nesse cenário, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) têm se consolidado como a principal ferramenta de financiamento privado do setor.
Somente no primeiro semestre de 2025, o volume de emissões de FIDCs com lastro no agro cresceu mais de 40%, com estruturas baseadas em recebíveis agrícolas, CPRs (Cédulas de Produto Rural) e contratos de fornecimento. Esses fundos oferecem liquidez, previsibilidade e agilidade — três atributos essenciais para o planejamento da próxima safra. Ao contrário do crédito tradicional, muitas vezes sujeito a burocracias ou limitações de volume, os fundos estruturados operam com lógica de mercado e flexibilidade operacional.
Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, explica: “A verdade é que o Plano Safra não consegue atender todas as necessidades do setor. A previsibilidade que os FIDCs oferecem é um diferencial valioso para o produtor rural que precisa planejar a próxima safra com meses de antecedência. Diferentemente do crédito público, sujeito a contingenciamentos e mudanças políticas, os fundos estruturados operam com base em análise de risco, garantias e contratos, o que aumenta a segurança tanto para quem toma quanto para quem investe.”
FIDCs: mais do que uma solução de crédito
Mais do que uma solução de crédito, os FIDCs vêm se consolidando como uma ferramenta estratégica de gestão financeira no agro. Ao permitir antecipações de recebíveis, alongamento de prazos e proteção contra oscilações de mercado, os FIDCs se mostram altamente adaptáveis às necessidades reais do campo. Essas necessidades vão muito além do simples acesso ao crédito.
Em um setor com ciclos longos, margens sensíveis e forte exposição a riscos climáticos e de preços, a flexibilidade na estruturação financeira é um diferencial competitivo. Esses fundos possibilitam maior previsibilidade de fluxo de caixa, melhor gestão de risco e, em muitos casos, condições mais vantajosas do que as oferecidas pelo sistema bancário tradicional. Além disso, viabilizam operações customizadas, alinhadas ao perfil produtivo e à realidade de cada produtor ou cooperativa.
Projeções futuras: FIDCs como protagonistas
Diante desse cenário, a tendência é que os FIDCs ampliem ainda mais sua presença como protagonistas do financiamento agrícola nos próximos ciclos. Especialmente em um ambiente onde agilidade e inteligência financeira se tornaram essenciais para manter a produtividade e a competitividade do agro brasileiro.
A adoção crescente desses fundos pode ser a chave para a transformação no financiamento do setor, permitindo que os produtores rurais enfrentem os desafios de forma mais eficiente, sem depender exclusivamente das limitações do sistema bancário tradicional.