Antes de virar o país tropical cheio de florestas, praias e cidades que se conhece hoje, o Brasil já foi deserto, geleira, lago raso e até cenário de dinossauros com penas, gigantes pescoçudos e predadores que lembravam o famoso Spinosaurus, quando tudo ainda fazia parte de um supercontinente chamado Gondwana.
Como era o Brasil na era dos dinossauros?
Durante a era mesozoica, que inclui Triássico, Jurássico e Cretáceo, o que hoje é o Brasil estava unido a outras terras em Gondwana e passava por intensa atividade vulcânica e abertura de oceanos. As paisagens variavam de regiões áridas no interior a áreas com geleiras ao Sul e zonas mais úmidas no Norte e Nordeste.
Nesse cenário surgiram alguns dos dinossauros mais antigos do planeta, especialmente no atual Rio Grande do Sul. Esses fósseis ajudam a entender como o território brasileiro participou da origem e expansão dos dinossauros pelo mundo, conectando biotas da América do Sul, África e Antártida.
Como o Triássico transformou o Brasil em berço de dinossauros?
No início do Triássico, após uma grande extinção em massa, a área que corresponde ao Brasil era seca e com vegetação limitada, mas ainda assim abrigou alguns dos dinossauros mais antigos conhecidos. No Sul, surgiram formas pioneiras como o Staurikosaurus, com cerca de 233 milhões de anos, e vários saurísquios basais.
Herrerasaurídeos como Gnathovorax e sauropodomorfos bípedes, como Saturnalia tupiniquim, Macrocollum itaquii, Pampadromaeus, Buriolestes e Bagualosaurus, mostram que a região era um polo de diversificação inicial. Esses dinossauros generalistas ocupavam nichos variados e ajudaram a formar linhagens que depois se espalhariam globalmente.
Para visualizar mapas antigos, fósseis brasileiros e reconstruções desses ambientes perdidos, o vídeo do canal ABC Terra, que conta com mais de 2,8 milhões de visualizações, aprofunda como o território do Brasil mudou ao longo de centenas de milhões de anos, conectando clima, placas tectônicas e dinossauros de forma didática:
O que foi o evento pluvial carniano e qual seu impacto?
O evento pluvial carniano foi um período de aumento de chuvas e mudanças climáticas que transformou ambientes antes áridos em áreas com lagos e vegetação mais abundante. Isso criou novos nichos ecológicos e favoreceu a expansão dos dinossauros, especialmente dos pequenos saurísquios brasileiros.
Para visualizar como essa mudança ambiental favoreceu a ascensão dos dinossauros, vale observar alguns pontos importantes sobre o clima e a resposta desses animais:
- Antes do evento: clima mais seco e restritivo, com poucos ambientes favoráveis.
- Durante o evento: aumento das chuvas, surgimento de lagos e zonas úmidas.
- Resposta dos dinossauros: grupos generalistas adaptaram-se rápido a novos nichos.
- Resultado: dinossauros tornaram-se protagonistas em muitos ecossistemas terrestres.
Por que o Jurássico brasileiro ainda é pouco conhecido?
O Período Jurássico no Brasil é pouco representado porque muitas rochas dessa época foram erodidas durante a formação de serras e a abertura inicial do oceano Atlântico. Mesmo assim, alguns registros pontuais permitem montar parte do cenário paleoambiental do país nesse período.
Em Rosário do Sul (RS), pegadas atribuídas a anquilossauros com cerca de 150 milhões de anos são as mais antigas do grupo na América do Sul. Florestas petrificadas no Ceará e fósseis de crocodilos no Maranhão indicam ecossistemas mais úmidos no Norte, deixando ainda muitas perguntas em aberto para a paleontologia.
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Como era o Brasil no Cretáceo e quais dinossauros viveram aqui?
No Cretáceo, a abertura do Atlântico já estava avançada e o Nordeste concentrava ambientes exuberantes, com destaque para a Bacia do Araripe, famosa pela preservação excepcional de ossos, dentes, penas e pele. Ali surgiram terópodes como Irritator e Angaturama, além do pequeno Ubirajara, com penas e estruturas de exibição.
Fora do Araripe, chamam atenção o espinossaurídeo Oxalaia quilombensis, no Maranhão, e, em Minas Gerais, o caçador Spectrovenator e o sauropodomorfo Tapuiasaurus. Na Bacia Bauru, um grande deserto com rios e lagos abrigou formas como Berthasaura, Pycnonemosaurus, Thanos, e titanossauros gigantes como Uberabatitan e Austroposeidon, cujo legado ajuda a entender a evolução dos atuais biomas brasileiros.

