O Ibovespa encerrou o pregão desta terça-feira, 26 de agosto de 2025, em queda de 0,18%, aos 137.771 pontos. O movimento foi influenciado pela divulgação do IPCA-15 de agosto, que registrou deflação de 0,14%, mas menos intensa do que o esperado. Além disso, a instabilidade internacional, marcada pela demissão de uma diretora do Federal Reserve por Donald Trump, adicionou ruído ao mercado.
Durante o dia, o índice oscilou entre 137.058 e 138.036 pontos, com giro financeiro de aproximadamente R$ 20 bilhões. Apesar do ajuste, o Ibovespa acumula alta de 3,53% em agosto e de 14,54% no ano, sustentando otimismo no médio prazo. Por outro lado, a queda semanal é de 0,14%, indicando pausa no ritmo de valorização recente.
Quais ações se destacaram no pregão desta terça?
No desempenho das companhias, alguns papéis tiveram peso maior no resultado. Petrobras caiu entre 0,5% e 0,7%, pressionada pelo recuo do petróleo, enquanto a Vale subiu 0,89%, ajudando a segurar o índice. Além disso, o setor bancário apresentou sinais mistos: Banco do Brasil avançou 1,65%, mas Itaú recuou 0,67%.
- Maiores altas: Minerva (+3,13%), Pão de Açúcar (+3,12%), Vibra (+3,11%).
- Maiores quedas: MRV (−3,43%), Raízen (−2,86%), Yduqs (−2,45%).
O que explica a leitura cautelosa do mercado?
Segundo José Áureo Viana, planejador financeiro e sócio da BLUE3 Investimentos, a reação negativa veio do IPCA-15. Embora o índice tenha registrado deflação, o resultado foi menos negativo do que esperado, o que frustrou parte dos investidores. Nesse sentido, o dado reforça a percepção de que a inflação está cedendo, mas de forma irregular, especialmente no setor de serviços.
Para Viana, a leitura exige cautela na condução da política monetária: “Embora exista espaço para cortes de juros à frente, não há necessidade de pressa, pois a dinâmica da inflação ainda inspira atenção.” Nesse cenário, os juros futuros e o câmbio reagiram em alta, reduzindo a expectativa de cortes mais agressivos da Selic no curto prazo.
Como o cenário internacional pesou no pregão?
Enquanto isso, no exterior, a demissão de Lisa Cook do Federal Reserve levantou dúvidas sobre a independência da instituição. Segundo Viana, essa interferência política pode gerar desconforto de longo prazo, sobretudo pelo objetivo de Donald Trump em buscar maioria de membros no Fed. Esse ruído explica a cautela nos índices americanos, que operaram próximos da estabilidade.
Além disso, os juros futuros nos Estados Unidos refletiram esse ambiente: queda na ponta curta, mantendo expectativas de cortes em setembro, mas alta na ponta longa, indicando incertezas persistentes. Nesse compasso de espera, os investidores acompanham outros catalisadores, como resultados da Nvidia, dados do PCE de inflação e números do mercado de trabalho.
Ajuste pontual ou tendência mais longa?
Em resumo, o recuo do Ibovespa nesta terça representa um ajuste técnico, mas traz sinais importantes. O IPCA-15 mostrou que a inflação brasileira desacelera, porém de forma não linear, mantendo os serviços como ponto de atenção. Ao mesmo tempo, a política nos Estados Unidos adiciona volatilidade aos mercados globais. Assim, o investidor segue atento tanto ao cenário doméstico quanto aos próximos eventos internacionais, em busca de pistas mais claras sobre juros