O Ibovespa encerrou a sessão desta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, em baixa de 0,34%, aos 139.863,63 pontos. Foi a terceira queda consecutiva, levando o índice de volta ao patamar abaixo dos 140 mil pontos. O volume financeiro somou cerca de R$ 17,3 bilhões, refletindo um pregão de menor liquidez.
Além disso, o desempenho negativo de ações de peso, como Petrobras e Ambev, contribuiu para a pressão sobre o índice. No cenário internacional, o mercado avaliou novos dados do mercado de trabalho norte-americano, que reforçam a possibilidade de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Quais fatores internos influenciaram o pregão?
No Brasil, a divulgação do IBGE mostrou queda de 0,2% na produção industrial de julho, sinal claro do impacto de uma política monetária contracionista, com juros mantidos em 15% ao ano. Nesse sentido, setores ligados ao consumo apresentaram sinais de fraqueza, como a produção de cerveja, que pressionou as ações da Ambev.
Por outro lado, companhias ligadas à economia doméstica, como C&A e CVC, avançaram diante da estabilidade dos juros futuros, mostrando algum otimismo com o mercado interno.
Mercado externo traz sinais mistos e cautela
Enquanto isso, em Wall Street, o Dow Jones encerrou em queda diante de dados mais fracos sobre contratações (JOLTS), sugerindo desaceleração no mercado de trabalho. Já o S&P 500 e o Nasdaq avançaram, impulsionados pelo setor de tecnologia e, em especial, pela alta das ações da Alphabet, após decisão judicial favorável sobre o navegador Chrome.
Análise de especialista sobre o cenário
Segundo Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, a bolsa brasileira permaneceu em ligeira queda ao longo de todo o dia, refletindo tanto o recuo da produção industrial quanto a pressão das blue chips. Para ele, os dados de emprego nos EUA devem confirmar uma tendência de mercado de trabalho mais fraco no payroll de sexta, reforçando a expectativa de corte de juros pelo Fed.
Além disso, Bolzan destacou que o dólar à vista exibiu desvalorização diante do enfraquecimento global da moeda americana. Juros futuros permaneceram estáveis, e os próximos dias devem ser guiados por fatores políticos internos, como o julgamento no STF, e por anúncios externos, como possíveis novas sanções do governo Trump.
Destaques de altas e baixas no pregão
- Maiores altas: Cosan (+8,00%), Raízen (+4,96%), Grupo Pão de Açúcar (+2,93%), além de C&A e CVC.
- Maiores baixas: Brava Energia (–2,97%), IRB Brasil (–2,24%), Ambev (–2,14%), Petrobras (–0,86%) e Itaú (–0,87%).
E o câmbio, como se comportou?
O dólar à vista caiu para R$ 5,45, em sintonia com a desvalorização global da moeda. Nesse contexto, os juros futuros mostraram estabilidade nos principais vencimentos, em compasso de espera pelo payroll e pelos desdobramentos políticos internos.
Em resumo, o pregão desta quarta-feira foi marcado por pressões locais e externas. No curto prazo, os investidores devem acompanhar de perto a divulgação do payroll nos EUA, que pode redefinir expectativas para a política monetária norte-americana e gerar maior volatilidade no mercado brasileiro.