O Ibovespa encerrou a sessão desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, em baixa de 0,67%, aos 140.335 pontos, após oscilar entre mínima de 139.625 e máxima de 141.279 pontos. O volume financeiro foi de R$ 21,3 bilhões, em um pregão de liquidez reduzida devido ao feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos.
O movimento representou um ajuste natural após agosto histórico, quando o índice acumulou forte valorização e o dólar caiu mais de 3%. Nesse início de setembro, investidores aproveitaram para realizar lucros, diante de um cenário global de cautela e maior preocupação com riscos políticos e geopolíticos.
O que disse Alison Correia sobre o cenário atual?
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, o pregão reflete um ambiente de correção e aversão a risco. “Nesse início de mês já temos bolsa caindo e juros e dólar subindo. O investidor se desfaz de papéis para colocar lucro no bolso. Temos cenário negativo no mundo todo também, com receio dos próximos passos do Trump em relação a tarifas. O petróleo sobe porque a Ucrânia fez novos ataques à Rússia”, afirmou.
No Brasil, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro também pesa no sentimento de mercado. Correia avalia que a condenação é dada como certa, mas resta a dúvida sobre a duração da pena, que poderia chegar a até 40 anos. “Está claro que os ministros não foram afetados pelas ameaças de Trump e vão seguir adiante. O grande ponto é como ficará o relacionamento entre Estados Unidos e Brasil após a sentença”, destacou.
Impactos nos setores e fatores econômicos relevantes
O setor bancário esteve no centro das atenções, especialmente o Banco do Brasil. Segundo o analista, a instituição pode sofrer retaliação americana após tentativa de aproximação política por meio da bandeira Elo, movimento que pressiona não apenas o BB, mas todo o segmento financeiro. Já a Vale recuou acompanhando o minério de ferro e refletindo temores de desaceleração da economia chinesa.
Enquanto isso, os indicadores de atividade também influenciaram. O PIB brasileiro do segundo trimestre veio dentro do esperado, mas mais fraco que o do primeiro tri, reforçando percepção de controle inflacionário e abrindo espaço para cortes de juros em 2026. Já nos Estados Unidos, os dados de PMI abaixo das expectativas reforçam a aposta em redução de juros já em setembro pelo Federal Reserve.
O que esperar para setembro no mercado financeiro?
Alison Correia lembrou que setembro é historicamente um mês negativo para Wall Street: nos últimos dez anos, o S&P 500 recuou neste período. Assim, a cautela tende a se manter, com investidores preferindo proteção em treasuries e reduzindo posições em bolsa.
Apesar da queda de hoje, o Ibovespa ainda acumula valorização de 16,6% em 2025 e alta de 1,07% no terceiro trimestre, o que indica que o movimento pode representar apenas uma pausa em um ciclo mais positivo.