O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira, 25 de agosto de 2025, em leve alta de 0,04%, aos 138.025 pontos. O pregão foi marcado pela cautela dos investidores diante da divulgação do IPCA-15 prevista para amanhã, que pode balizar as expectativas em torno da inflação e da política monetária do Banco Central.
Enquanto isso, o dólar comercial recuou 0,19%, cotado a R$ 5,415, refletindo o maior otimismo global após sinalizações do Federal Reserve sobre possível corte de juros nos Estados Unidos. Esse movimento aumenta a expectativa de entrada de capital estrangeiro no Brasil, fortalecendo o real e aliviando a pressão cambial.
O que explica o movimento do Ibovespa nesta sessão?
Segundo Alison Correia, analista da Dom Investimentos, o desempenho positivo da bolsa foi sustentado pela leitura do Boletim Focus, que indicou a 13ª semana seguida de queda nas projeções de inflação. Isso contribuiu para a redução dos juros futuros e deu suporte à bolsa. “Apesar da melhora, ainda estamos acima do teto da meta de inflação do BC. Por isso, seguimos projetando Selic em 15% até o fim do ano, com cortes apenas a partir de 2026”, afirmou.
Além disso, Correia destacou que o consumo mais aquecido no fim do ano, impulsionado pelas festas, tende a manter alguns preços pressionados, tornando mais prudente postergar um ciclo de cortes. Nesse sentido, a expectativa é de que o início do próximo ano seja mais adequado para uma flexibilização monetária.
Como o cenário externo influencia a tendência local?
No ambiente internacional, as falas de Jerome Powell em Jackson Hole ganharam destaque. O presidente do Federal Reserve sinalizou que o foco agora está no mercado de trabalho e que há espaço para cortes de juros em breve. “Com isso, os fluxos de capital para o Brasil tendem a se intensificar, principalmente em carry trade e investimentos diretos, o que deve manter o dólar em trajetória de queda, podendo chegar a R$ 5,20 até o fim do ano”, observou Correia.
Por outro lado, as bolsas norte-americanas corrigiram parte dos ganhos recentes, mas o otimismo ainda sustenta os mercados emergentes. A expectativa de juros mais baixos nos EUA é vista como positiva para ativos brasileiros, que oferecem rendimento atrativo em cenário de Selic elevada.
E os fatores políticos no Brasil, podem pesar?
Além dos indicadores econômicos, a política doméstica segue no radar dos investidores. O mercado recebeu com entusiasmo a confirmação de que Tarcísio de Freitas deve concorrer à presidência em 2026, reforçando o alinhamento com setores mais liberais. Por outro lado, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro traz incertezas adicionais, com possibilidade de novas sanções internacionais, aumentando a volatilidade dos ativos locais.
Quais destaques corporativos movimentaram o pregão?
No noticiário corporativo, a Copel aprovou a unificação de ações e migração para o Novo Mercado da B3, movimento que reforça sua governança e pode ampliar a atratividade da companhia para investidores. Entre as maiores altas, o Pão de Açúcar subiu após pedido da família Coelho Diniz para convocação de assembleia de acionistas. Já o Banco do Brasil figurou entre as quedas, impactado pela relação com ministros do STF em meio aos efeitos da Lei Magnitsky.
O que esperar na agenda da semana?
A semana será repleta de indicadores capazes de trazer volatilidade. No Brasil, o IPCA-15 será acompanhado de perto como termômetro para as próximas decisões do Copom. Nos EUA, o destaque fica para os dados do PIB e do PCI, ambos capazes de influenciar a trajetória da política monetária global e, consequentemente, o fluxo de capitais para mercados emergentes.
- Ibovespa: 138.025 pontos (+0,04%)
- Dólar comercial: R$ 5,415 (-0,19%)
- Altas: Pão de Açúcar
- Quedas: Banco do Brasil
- Evento corporativo: Copel migra para o Novo Mercado