O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (3) em alta de 0,61%, aos 150.454 pontos, e renovou seu recorde histórico, impulsionado pelo bom humor externo e pela expectativa em torno da próxima decisão do Copom. O índice chegou a tocar os 150.761 pontos na máxima do dia, com o dólar em queda e o investidor estrangeiro reforçando o fluxo para ativos locais. O movimento reforça o ciclo de otimismo observado nas últimas semanas, em meio à melhora do cenário internacional e aos balanços positivos de grandes companhias.
No câmbio, o dólar comercial recuou 0,42%, cotado a cerca de R$ 5,36, enquanto os juros futuros subiram levemente, refletindo ajustes de posicionamento antes da reunião do Banco Central. No exterior, os principais índices de Nova York fecharam em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando recordes, impulsionados por notícias envolvendo a Amazon e o setor de inteligência artificial.
O que explica a sequência de recordes do Ibovespa?
Segundo Nicolas Gass, head de alocação de investimentos e sócio da GT Capital, o movimento atual reflete tanto o otimismo global quanto a especulação sobre o momento do primeiro corte de juros no Brasil. “O que a gente está observando, não só hoje, mas nos últimos dias, são máximas atrás de máximas sendo batidas no Ibovespa. Acredito que o que pode explicar o movimento de hoje é o mercado tentando acertar quando eventualmente vai ser esse primeiro corte de juros. Se vai ser em janeiro ou se vai ser em março”, afirmou.
Para Gass, a aposta majoritária do mercado tem migrado para março, diante da persistência da inflação subjacente e da resiliência da atividade econômica. “Por mais que o IPCA-15 tenha saído abaixo das expectativas, o núcleo veio levemente acima do esperado, o que reforça que a inflação ainda está em um nível mais persistente e precisaria dos juros nesse nível de 15% por mais tempo.”
Ele observa que o Ibovespa segue os movimentos externos, impulsionado pelas negociações comerciais entre Estados Unidos e China e pela expectativa sobre o comunicado do Copom. “Está praticamente dado que o Banco Central vai manter os 15% de juros, mas o mercado vai olhar de perto o comunicado, se ele já vai dar algum spoiler sobre o corte em janeiro ou março.”
Empresas do índice sustentam alta e mostram robustez
O especialista da GT Capital destaca que o rali recente também tem base sólida nos resultados corporativos: “Se a gente for parar para pensar, 2025 foi um ano turbulento em termos de notícias, e mesmo assim batemos máximas históricas diversas vezes. Isso foi impulsionado pela performance das empresas que compõem o índice, que têm mostrado robustez e solidez frente ao cenário econômico”.
Segundo ele, o otimismo é sustentado por um quadro de receitas recordes e margens resilientes. “As companhias mostraram que estão muito preparadas para esse tipo de cenário e vêm superando as expectativas”, completou.
Movimento global: IA e acordo EUA-China alimentam o risco
Nas bolsas americanas, o dia foi marcado por uma nova rodada de recordes. “O S&P 500 segue batendo máxima após máxima, com destaque para a Amazon, que fechou um acordo bilionário com a OpenAI de cerca de US$ 38 bilhões para transporte de chips. Isso impulsionou todo o setor de IA e trouxe otimismo aos mercados”, analisou Gass.
O especialista também citou as negociações entre China e EUA como um fator adicional de apetite ao risco. “Há uma expectativa positiva de que as tensões comerciais sejam amenizadas, o que reforça o movimento de risk-on global, com o investidor estrangeiro voltando a comprar ações”, destacou.
Altas e quedas do dia
- Minerva (BEEF3): entre as maiores altas, impulsionada pela expectativa de um balanço forte e pela boa posição competitiva no setor de proteínas.
 - Petrobras (PETR4): valorização de cerca de 1,2%, acompanhando o avanço do petróleo no exterior.
 - Itaú Unibanco (ITUB4): alta de 1,6%, contribuindo fortemente para o desempenho do índice.
 - Vale (VALE3): leve alta de 0,1%, refletindo estabilidade nos preços do minério de ferro.
 - Marcopolo (POMO4): entre as principais quedas, acumulando recuo de cerca de 12% em dois pregões, após balanço que frustrou expectativas do mercado.
 - Pão de Açúcar (PCAR3): também entre as perdas, diante das preocupações com alavancagem e reestruturação, além de recomendação de venda reforçada pelo J.P. Morgan