O Ibovespa teve um desempenho negativo nesta terça-feira (17), com os investidores cautelosos diante do agravamento do conflito entre Israel e Irã e da expectativa sobre as decisões econômicas que devem ser anunciadas na Super Quarta. A correção do índice veio após uma segunda-feira de alta, mas, como destacou Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos, “se não tivermos nada catastrófico, como uma recessão ou pandemia, a tendência é que a bolsa suba, devido à grande atuação de fundos multimercados que buscam uma rentabilidade superior nos fechamentos de trimestre e semestre”.
Cenário internacional e dólar fraco: fatores de incerteza no mercado
A escalada do conflito no Oriente Médio, com o aumento do número de vítimas tanto no Irã quanto em Israel, gerou um clima de tensão que impactou diretamente o mercado. Correia ressaltou que, embora se esperasse que as negociações de cessar-fogo fossem avançar, “o mundo está tenso por causa disso, e por isso as bolsas caem”. A postura dos líderes iranianos, que se disseram dispostos a dialogar com Trump, mas sem interferências externas, também influencia o cenário geopolítico.
Além disso, o enfraquecimento do dólar, um reflexo de várias políticas de Donald Trump, segue pesando no mercado financeiro. “Tem o contexto Trump, as taxações, questão inflacionária dos EUA, e o Brasil com uma das maiores taxas de juros nominais do mundo, o que o torna atrativo para investimentos e o carry trade”, afirmou Correia, explicando o ambiente internacional atual.
A super quarta e expectativas para a política monetária brasileira
O mercado também está atento ao que acontecerá amanhã, com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os juros no Brasil, evento que Correia chamou de “Super Quarta”. O analista acredita que a taxa de juros deve continuar a subir: “Eu ainda acredito que nesta reunião ou na próxima teremos um aumento de 0,25%, o que deve sinalizar o final do ciclo de alta”. Segundo ele, as expectativas são altas para a definição dos próximos passos econômicos do Brasil, que podem influenciar diretamente os rumos do mercado.
Destaques positivos: setor de petróleo e construção no Ibovespa
Entre os destaques positivos, a Petrobras se beneficiou no Ibovespa da alta do petróleo, além de um anúncio relevante: a companhia, junto com a Exxon, Chevron e CNPC, adquiriu 19 dos 47 blocos exploratórios de petróleo e gás na Bacia de Foz do Amazonas. “A Petrobras sobe acompanhando a alta do petróleo lá fora”, explicou o analista. Além disso, a queda dos juros futuros beneficiou empresas do setor de construção, varejo e consumo, como DIRR3, CYRE3, YDUQ3 e MRVE3, que foram algumas das maiores altas do dia.
O mercado segue em atenção com fatores externos e internos
Com um cenário internacional tenso e a expectativa por decisões chave na política monetária brasileira, o fechamento do mercado desta terça-feira refletiu um período de correção, mas as projeções seguem cautelosas, com o Brasil mantendo atratividade para investidores. Como pontuou Alison Correia, “a tendência é que a bolsa suba, desde que não haja algo catastrófico no cenário econômico”, com as próximas reuniões de política monetária sendo um fator determinante para os rumos da economia brasileira