O Boletim Focus dessa semana reflete um cenário de desinflação progressiva, mas com desafios à frente. O mercado reduziu novamente suas expectativas para o IPCA, o principal indicador de inflação, em meio ao gradual processo de desinflação da inflação subjacente. Esse processo, que vem se sustentando desde o início do ano, foi, no entanto, interrompido pela crescente tensão comercial com os Estados Unidos, que gerou um aumento nas tarifas sobre produtos brasileiros.
Em termos de inflação, a mediana das projeções para o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de 2025 registrou a décima semana consecutiva de queda, agora abaixo de 2,0%. O IGP-10 de julho teve uma queda de 1,65%, um resultado superior às expectativas do mercado, o que reforça a tendência de desinflação observada no país. Maykon Douglas, economista e especialista em inflação, comentou sobre os dados: “Estamos vendo um cenário de alívio nos preços ao produtor, principalmente devido à desvalorização do dólar, o que ajuda na contenção da inflação. Porém, o aumento das tarifas de Trump trouxe uma tensão que pode interromper esse processo.“
Política externa e da ameaça de tarifas impactam inflação, dólar e PIB
A perspectiva de crescimento econômico ainda parece promissora, com a projeção de crescimento do PIB mais favorável ao longo do ano. No entanto, as tarifas comerciais impostas por Donald Trump ao Brasil, que atingem 50% sobre produtos como café, carne e suco de laranja, representam um risco significativo para a estabilidade do mercado brasileiro. As tensões comerciais podem ter efeitos adversos no crescimento do PIB e nas projeções de câmbio, com o dólar comercial sendo impactado diretamente pelas incertezas geradas pelas tarifas.
“Embora a trajetória do câmbio tenha se consolidado de forma favorável durante o ano, o cenário de tarifas elevadas dificulta uma recuperação mais rápida e mais significativa do real frente ao dólar“, explicou Maykon Douglas. Ele também alertou sobre o impacto das possíveis represálias entre Brasil e Estados Unidos, que podem aumentar ainda mais a incerteza no mercado.
Inflação, câmbio e mais: o futuro das projeções
Com o cenário externo instável, principalmente por conta das tarifas e da política econômica do governo Trump, o mercado observa uma leve desaceleração no otimismo. A queda no IGP-M e a redução nas expectativas de inflação no Brasil podem ser positivos a curto prazo, mas o impacto das tarifas comerciais e o risco de represálias estão colocando o país em uma posição de vulnerabilidade.
A semana que se segue promete ser crucial para a economia brasileira, com as tensões internacionais e a política interna moldando o panorama econômico. O Boletim Focus e as projeções de inflação continuam a ser um termômetro importante, e a expectativa é de que o Brasil tome medidas rápidas para ajustar sua estratégia diante do cenário global de incertezas.