A chamada Lei Seca se consolidou como uma das principais ferramentas de fiscalização de trânsito no Brasil, com o objetivo de reduzir acidentes causados por motoristas sob efeito de álcool ou outras substâncias psicoativas, tratando a condução alcoolizada com maiores penalidades nas esferas administrativa e, em alguns casos, criminal.
O que é a Lei Seca no Código de Trânsito Brasileiro?
O conjunto de regras da Lei Seca está previsto no Código de Trânsito Brasileiro, sobretudo no artigo 165, no artigo 165-A e em dispositivos correlatos. Ao longo dos anos, o texto foi alterado por leis complementares, resoluções do Contran e normas dos Detrans, reforçando que álcool e direção são incompatíveis com a segurança viária.
Desde 2012, a direção sob influência de álcool passou a seguir a lógica da tolerância zero. Isso significa que a legislação não estabelece um “limite seguro” para motoristas, permitindo a autuação com qualquer concentração de álcool comprovada por meios legais.

Como funciona a regra de tolerância zero da Lei Seca?
A Lei Seca é a proibição de dirigir alcoolizado, abrangendo bebidas alcoólicas e outras substâncias que alterem a capacidade psicomotora. Mesmo pequenas quantidades podem levar à autuação, pois não há margem legal de consumo para quem vai dirigir.
Na prática, qualquer concentração de álcool detectada por meios admitidos em lei pode fundamentar a infração. Resultado de bafômetro, sinais como odor etílico, fala arrastada, dificuldade de equilíbrio e comportamento alterado podem ser usados pelo agente para caracterizar a irregularidade.
Como funciona uma blitz da Lei Seca?
A fiscalização ocorre por meio de blitz em vias urbanas e rodovias, especialmente à noite e em fins de semana. Os agentes podem selecionar veículos aleatoriamente ou por critérios da operação, convidando o condutor a soprar o etilômetro (bafômetro) e avaliando sua condição.
O teste mede a quantidade de álcool por litro de ar alveolar expirado, enquanto o agente observa sinais de alteração psicomotora. Além do bafômetro, podem ser utilizados exame clínico, laudos hospitalares e prova testemunhal, sobretudo em acidentes com vítima.

Quais são as principais penalidades previstas na Lei Seca?
O núcleo da proibição está em dirigir sob influência de álcool ou substância que altere a capacidade de conduzir com segurança, inclusive medicamentos e drogas ilícitas. A infração do artigo 165 do CTB é gravíssima, com multa multiplicada por dez (R$ 2.934,70), dobrando em caso de reincidência em 12 meses.
Essa infração gera consequências administrativas relevantes para o condutor, que podem impactar diretamente seu direito de dirigir e a utilização do veículo:
- Suspensão do direito de dirigir por 12 meses;
- Recolhimento da CNH no momento da abordagem;
- Retenção do veículo, liberado apenas para condutor habilitado e apto;
- Registro de pontos na CNH, somando-se a outras infrações.
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Recusar o bafômetro evita penalidades na Lei Seca
De acordo com o artigo 165-A do CTB, a recusa em realizar o teste do bafômetro é infração gravíssima, com as mesmas penalidades administrativas de quem dirige alcoolizado. Assim, negar o exame não afasta multa, suspensão da CNH e demais consequências.
O agente pode registrar sinais de alteração da capacidade psicomotora, mesmo sem o teste. Em acidentes com vítima, o condutor pode ser encaminhado para exame clínico ou coleta de sangue, e o crime de trânsito do artigo 306 pode ser caracterizado se o nível de álcool for igual ou superior ao previsto em lei.

