O mercado financeiro inicia esta quinta-feira (16) com um tom de leve otimismo, impulsionado pela expectativa de novos cortes de juros nos Estados Unidos e pela manutenção de uma postura cautelosa do Banco Central brasileiro. A abertura dos negócios reflete a combinação de fatores internacionais e domésticos que continuam a direcionar o apetite ao risco e o comportamento dos investidores. Nesse cenário, as bolsas internacionais operam em alta moderada, enquanto no Brasil as atenções se voltam para o cenário fiscal e para as empresas que divulgam resultados e distribuem proventos nesta segunda quinzena de outubro.
Além disso, o noticiário político segue no radar com discussões sobre ajustes tributários e novas medidas para recompor o orçamento de 2026. O ministro Fernando Haddad vai ao Palácio da Alvorada para apresentar alternativas que possam compensar as perdas após a derrota da MP 1.303. Entre as possibilidades avaliadas estão o aumento da tributação sobre apostas, a elevação do IOF e a taxação de fintechs, enquanto o governo tenta evitar mudanças na meta fiscal. Nesse contexto, a MSX Invest destaca o compromisso do governo em manter o equilíbrio das contas públicas como um fator importante para reduzir a aversão ao risco no curto prazo.
Quais são os destaques na agenda de proventos desta quinzena
A segunda metade de outubro traz uma série de pagamentos e datas de corte relevantes para os investidores. Acompanhar essa agenda é essencial para quem busca renda passiva e deseja aproveitar oportunidades no mercado de capitais. Veja as principais datas organizadas pela MSX:
- 15/10 – CSU Digital realiza pagamento de juros sobre capital próprio referentes ao terceiro trimestre de 2025
- 16/10 – Banco Pine e Comgás têm data com para proventos, sendo R$ 0,25 por ação no Pine e R$ 700 milhões em dividendos no caso da Comgás
- 20/10 – Mitre, Vulcabras e novamente Banco Pine entram na agenda com novas parcelas de dividendos e JCP
- 21/10 – TIM, Allos e Santander Brasil distribuem juros sobre capital próprio e dividendos complementares
- 23/10 – Romi efetua pagamento de JCP
- 27/10 – Telefônica Brasil entra na lista com data com para JCP
- 30 e 31/10 – Iguatemi, Isa Energia, M. Dias Branco, Bradesco, Smartfit e Comgás completam o calendário do mês
Por outro lado, o cenário internacional continua a influenciar o comportamento dos ativos. O presidente norte-americano Donald Trump mantém um discurso firme em relação à China antes do encontro com Xi Jinping, enquanto diplomatas brasileiros em Washington iniciam as negociações sobre o tarifaço de 50% imposto aos produtos nacionais. O Itamaraty busca também reverter sanções aplicadas a autoridades e abrir diálogo sobre minerais críticos, área em que o Brasil tem potencial estratégico relevante.
Ambiente político e econômico afeta o mercado
No campo doméstico, a situação fiscal ainda é o principal ponto de atenção. O chamado “buraco fiscal” de R$ 35 bilhões para 2026 pressiona o governo a encontrar soluções rápidas, mas sustentáveis. O ministro do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler, suspendeu a exigência de mirar o centro da meta fiscal, permitindo maior flexibilidade à equipe econômica. Esse movimento foi bem recebido pelos analistas, que enxergam espaço para ajustes graduais sem comprometer a credibilidade do arcabouço fiscal.
Enquanto isso, o IBC-Br de agosto deve apresentar alta de 0,70%, revertendo a queda de 0,53% em julho. Esse resultado reflete o desempenho positivo da indústria e dos serviços, sugerindo que a economia segue em ritmo de recuperação, ainda que moderado. A inflação medida pelo IPC-S mantém trajetória estável, o que contribui para o cenário de juros elevados por mais tempo. A leitura predominante é de que o Copom continuará prudente antes de iniciar um novo ciclo de cortes na taxa Selic.
Setor de energia e desempenho da Petrobras
O petróleo Brent se mantém próximo de US$ 62 o barril, após registrar leve recuo na última sessão. A queda é explicada pelo excesso de oferta global e pelas dúvidas quanto à demanda no curto prazo. A Abicom calcula defasagem de 9% no preço da gasolina no Brasil, enquanto estimativas do Itaú BBA apontam diferença de até 13% em relação à paridade internacional. Mesmo com esses números, a Petrobras tem mantido sua política de estabilidade nos preços internos, priorizando previsibilidade sobre repasses imediatos.
Por outro lado, há discussões sobre a possibilidade de redução no preço da gasolina, o que poderia pressionar ainda mais as ações da estatal. Uma eventual diminuição na geração de caixa impactaria diretamente a distribuição de dividendos e a atratividade do papel no curto prazo. Segundo avaliação da MSX Invest, a empresa segue saudável e geradora de caixa, mas o momento exige cautela diante das incertezas do setor energético global.
O que diz o especialista
O CIO da MSX Invest, Marco Saravalle, avaliou que o dia começa com leve otimismo, mas sem grandes oscilações. Ele destacou o aumento da participação do JP Morgan na MBRF e os pagamentos de proventos de Banco Pine e Comgás como destaques pontuais no pregão. “A atenção do investidor deve se concentrar agora na temporada de resultados do terceiro trimestre, que pode trazer boas surpresas em algumas companhias, como a Marcopolo, que continua entre as principais preferências da casa“, destaca Saravalle.
Além disso, o estrategista chamou atenção para o desempenho do petróleo e os possíveis efeitos sobre a Petrobras. Segundo ele, a combinação de preços mais baixos e risco político pode limitar a valorização das ações no curto prazo. Mesmo assim, a visão da MSX é de que o setor deve permanecer resiliente, mantendo sua importância nas carteiras de longo prazo. “Seguimos cautelosos, mas confiantes de que as empresas com fundamentos sólidos continuarão entregando resultados consistentes”, completou Saravalle.
Enquanto o mercado busca equilíbrio entre cautela e oportunidade, os investidores devem permanecer atentos aos desdobramentos fiscais e corporativos das próximas semanas. A agenda de proventos reforça o papel das companhias de capital aberto na geração de valor e renda recorrente, consolidando o Brasil como um dos mercados emergentes mais relevantes para investidores que buscam previsibilidade e consistência.