Em 2023, o Brasil está se recuperando em termos econômicos, vivenciando menos inflação e desemprego, além de um crescimento da economia maior do que o esperado. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, enfatizou essas melhoras em uma recente entrevista. Além dos dados positivos, Pochmann explora novos desafios enfrentados pelo país, como a falta de soberania dos dados e a necessidade de um sistema nacional de estatísticas.
Embora a economia esteja se recuperando, a falta de um sistema unificado de informações nacionais se tornou evidente. Pochmann salientou a necessidade de uma agência nacional dedicada para coletar e normalizar dados de várias fontes no país. De ministérios a empresas públicas e privadas, milhares de informações são geradas diariamente, tornando mais premente a necessidade de um sistema unificador.
O IBGE: entenda nossa bússola econômica

Além de apontar melhorias econômicas, sendo uma espécie de cartão-postal do país, o IBGE recebeu crédito por sua habilidade de recolher e apresentar de maneira verossímil a realidade do Brasil. Entretanto, Pochmann reforça que o papel do IBGE deveria ir além e funcionar também como uma bússola, integrando e direcionando a interpretação dos dados nacionais. Isso envolveria a coordenação de aproximadamente 250 estudos e pesquisas anuais divulgadas pelo IBGE, sendo necessário alcançar a soberania dos dados, em oposição ao cenário atual, onde grande parte das informações é colhida e pertencente a empresas estrangeiras.
O Brasil é soberano em dados, graças o IBGE?
De acordo com Pochmann, a resposta é não. “O Brasil infelizmente não é um país soberano de dados. A maior parte de nossos dados é colhida pela força da internet, telefonia celular, computadores… E individualmente, estamos transmitindo nossas informações privadas, contas bancárias, formas de pagamento, lista telefônica, músicas, filmes…”, pontuou o presidente do IBGE.
Para resolver essa questão, Pochmann propõe a criação de um sistema nacional de estatísticas sob a coordenação do IBGE, fundamentado na legislação brasileira, mas que até o momento não está em prática. “Cada ministério tem seu banco de dados e é necessário construir um sistema nacional soberano de geociência, estatística e dados”, defendeu o presidente do IBGE.
Em um mundo cada vez mais dependente de dados, a soberania e o uso inteligente dos dados tornaram-se de fundamental importância. Com o objetivo de fortalecer e modernizar o sistema estatístico nacional, o IBGE poderia, segundo Pochmann, liderar esse esforço para unificar e melhor utilizar os dados disponíveis para o bem da nação.