A Serra da Rocinha deixa de ser apenas um trajeto desafiador de terra para se tornar um dos marcos da engenharia rodoviária brasileira. Localizada na BR-285, essa estrada conecta o litoral de Santa Catarina aos campos de cima da serra no Rio Grande do Sul, vencendo abismos geográficos com soluções técnicas robustas.
O desafio técnico da pavimentação em concreto rígido
Para suportar o tráfego pesado em uma inclinação acentuada, a obra abandonou o asfalto comum em favor do pavimento rígido de concreto. Essa escolha técnica garante maior aderência aos pneus e durabilidade extrema, evitando as deformações que ocorrem em serras íngremes devido à frenagem constante de caminhões.
A estrutura conta com placas de concreto de alta resistência, projetadas para uma vida útil superior a 20 anos. Além da pista, foram implementadas complexas obras de geotecnia, incluindo muros de contenção e cortinas atirantadas para segurar as encostas instáveis da Serra Geral.

Quantas curvas e qual a extensão real da subida?
O trecho da serra propriamente dito possui cerca de 13 km de subida contínua, embora o lote 2 da obra abranja 22 km no total, partindo de Timbé do Sul (SC). O traçado sinuoso foi desenhado para vencer um desnível altimétrico impressionante, saindo quase do nível do mar para atingir mais de 1.200 metros de altitude em São José dos Ausentes (RS).
Diferente da Serra do Rio do Rastro, famosa por suas curvas fechadas em “cotovelo”, a Rocinha aposta em curvas mais abertas e longas, porém com aclive constante. Isso exige motores potentes na subida e freios em perfeito estado na descida, testando os limites mecânicos dos veículos.
No vídeo a seguir o canal JFX Turistando, com mais de 25 mil inscritos, mostra um pouco da Serra da Rocinha:
Obras de arte especiais: viadutos e pontes
Para viabilizar o trajeto sem destruir a encosta, foram construídas diversas “obras de arte especiais” (OAEs). Destacam-se os viadutos que cortam a mata nativa, permitindo que a fauna circule por baixo e que a água das chuvas escoe sem levar a estrada embora.
Essas estruturas suspensas minimizam o impacto ambiental na Mata Atlântica preservada. A engenharia precisou lidar com um terreno rochoso e instável, utilizando explosivos controlados para abrir caminho na rocha maciça sem causar deslizamentos.
Abaixo, os dados técnicos que definem a magnitude desta rodovia:
Ficha técnica da BR-285 na Serra
- Extensão total (Lote 2): 22,00 quilômetros de intervenção rodoviária.
- Tipo de Pavimento: Concreto de Cimento Portland (Pavimento Rígido).
- Conexão Logística: Peça chave do Corredor Bioceânico, ligando o Atlântico ao Pacífico (Chile).
Por que essa rota é vital para o turismo e economia?
A conclusão da Serra da Rocinha cria um novo corredor de exportação e turismo, encurtando a viagem entre a serra gaúcha e as praias catarinenses em cerca de 100 km. A logística de transporte de grãos e madeira ganha uma alternativa rápida à saturada BR-101 e outras serras congestionadas.
Para o turista, a rota oferece visuais deslumbrantes dos cânions e do vale do Rio da Rocinha. A estrada passa a integrar o circuito de turismo de aventura, atraindo motociclistas e viajantes que buscam paisagens similares às estradas europeias.
Antes de planejar sua viagem, verifique sempre os horários de liberação da pista junto ao DNIT, pois o tráfego ainda pode sofrer restrições para finalização de obras.
Destaques da nova rota da serra
- Segurança reforçada: O uso de concreto aumenta a aderência em dias de chuva e neblina, comuns na região.
- Integração regional: Une economicamente o polo industrial do sul de SC com a produção agrícola do norte do RS.
- Engenharia de contenção: As encostas receberam tratamentos especiais para evitar quedas de barreiras, garantindo tráfego o ano todo.
