O mercado financeiro brasileiro registrou um marco histórico com a primeira negociação de um token imobiliário no mercado secundário da B3 (B3SA3). O ativo, que rendeu 1,6% ao mês em sua fase inicial, se posiciona como uma das opções mais rentáveis dentro da renda fixa, unindo liquidez de bolsa à segurança de um setor que movimentou mais de R$ 200 bilhões em 2024 — o equivalente a cerca de 7% do PIB nacional.
A operação foi estruturada pela Zuvia, que lançou 551 mil tokens vinculados a um empreendimento residencial em Bauru (SP). Com aporte mínimo de R$ 25, o modelo democratizou o acesso a investidores de diferentes perfis. A compra foi realizada pela própria plataforma da empresa, enquanto a revenda contou com integração direta com a B3, permitindo liquidação via PIX e rastreabilidade das transações. “Este é um marco histórico para o crowdfunding no Brasil. A tokenização possibilita negociações simples, transparentes e acessíveis, ampliando a confiança e democratizando o acesso ao mercado de capitais”, afirmou Jonatas Montanini, Co-CEO e Co-Founder da Zuvia.
Avanços regulatórios abriram caminho
A operação foi viabilizada por mudanças recentes na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Desde 2022, plataformas de crowdfunding podem intermediar compra e venda de títulos emitidos em suas ofertas, criando novas oportunidades de diversificação para investidores. “A B3 tem o compromisso de apoiar pequenas e médias empresas, que são fundamentais para a economia. Com essa tecnologia, ampliamos opções de financiamento e facilitamos a democratização dos investimentos”, destacou Flávia Mouta, diretora de Emissores e Relacionamento da B3.
O modelo, que combina ativos reais com liquidez digital, permite que pequenos aportadores dividam espaço com investidores institucionais em empreendimentos antes restritos a grandes grupos. A experiência também reforça a escalabilidade da tokenização como alternativa dentro do mercado de capitais.
Tokenização avança para além do setor imobiliário?
Especialistas avaliam que o movimento pode se expandir para setores estratégicos como agronegócio, infraestrutura e energia. O formato abre um novo ciclo para investimentos digitais no Brasil, aproximando tecnologia, inovação regulatória e mercado financeiro. Para investidores, a possibilidade de diversificação com segurança e liquidez tende a consolidar a tokenização como um dos principais caminhos do futuro das aplicações no país.