Uma nova tecnologia europeia está revolucionando a alvenaria com blocos de montar para construção que se encaixam sem cimento ou argamassa. A promessa é erguer as paredes de uma casa em apenas 24 horas, mas será que essa inovação funcionaria no Brasil?
Como funcionam esses blocos de montar e do que são feitos?
O segredo está no material e no design. Os blocos são feitos de Perlita, uma rocha vulcânica que expande quando aquecida a 900°C, resultando em um material extremamente leve e com alto poder de isolamento. Essa matéria-prima confere aos blocos características únicas no mercado.

O sistema de encaixe é milimétrico, utilizando um formato de cone que trava uma peça na outra com um simples “clique”, eliminando a necessidade de cimento, água ou cola. A montagem se assemelha a um brinquedo, dispensando o uso de mão de obra especializada para o levantamento das paredes.
Propriedades do material (Perlita):
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Leveza extrema
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Isolamento térmico e acústico superior
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Material incombustível (não pega fogo)
Quais as principais vantagens prometidas por essa tecnologia?
A principal vantagem propagada é a velocidade. A empresa desenvolvedora afirma que é possível levantar as paredes de uma casa de 100 m² em apenas 24 horas, uma marca impressionante que poderia acelerar drasticamente o cronograma de qualquer obra e reduzir custos com mão de obra.
Para aprofundar a tua visão sobre o futuro da construção civil, selecionamos o conteúdo do canal Construção Celular, que analisa as novas tecnologias do setor. No vídeo a seguir, os especialistas detalham visualmente um sistema de blocos encaixáveis que dispensa cimento e mão de obra qualificada, avaliando a sua viabilidade técnica e econômica para o mercado brasileiro:
Outro grande atrativo é a simplicidade. Como a montagem não exige as habilidades de um pedreiro qualificado, qualquer pessoa leiga conseguiria erguer uma estrutura seguindo a planta. Isso democratiza o processo construtivo e soluciona o problema da escassez de mão de obra especializada.
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Essa tecnologia de blocos de montar seria viável no Brasil?
Apesar das vantagens, a aplicação direta dessa tecnologia no Brasil enfrenta dois grandes obstáculos. O primeiro é o custo: um kit de blocos para um pequeno cômodo de 10 m² custa na Europa o equivalente a mais de R$ 35.000,00, um valor inviável para a realidade da construção civil nacional.
O segundo desafio é a matéria-prima. Como o Brasil não possui vulcões ativos, a Perlita precisaria ser importada, o que elevaria ainda mais o custo final. A geologia do nosso território, mapeada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), não favorece a extração desse mineral em larga escala.
Desafios para o mercado brasileiro:
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Custo de importação elevado.
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Escassez da matéria-prima (Perlita).
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Espessura do bloco inadequada para o clima tropical.
Existe uma alternativa brasileira para essa ideia?
Sim, a solução não seria importar a tecnologia, mas adaptar a ideia. A Perlita poderia ser substituída pelo Concreto Celular Autoclavado (CCA), um material mais barato, resistente e amplamente produzido no Brasil, que também oferece bom isolamento térmico.
Além disso, a espessura de 35 cm dos blocos, projetada para os invernos rigorosos da Europa, é excessiva para o clima brasileiro. Adaptar o design para paredes mais finas reduziria o consumo de material e o custo final, tornando o conceito viável para o nosso mercado, alinhado às diretrizes de habitação do Ministério das Cidades.
| Característica | Bloco Europeu (Perlita) | Proposta Nacional (Concreto Celular) |
| Matéria-Prima | Perlita (importada e cara). | Concreto Celular (abundante e barato). |
| Custo | Altíssimo. | Competitivo com a alvenaria tradicional. |
| Resistência | Menor (1,5 MPa). | Maior (adequada às normas brasileiras). |
| Adequação Climática | Espessura excessiva para o Brasil. | Espessura otimizada para o clima tropical. |

