O esquecimento de fatos recentes ou nomes familiares são sintomas frequentemente associados à demência. Entretanto, este declínio cognitivo pode também manifestar-se de maneiras menos óbvias, como alterações no ritmo da fala e marcha, além de dificultar a orientação espacial. Compreender estes sinais é essencial para uma avaliação precoce e precisa da demência, uma condição que afeta principalmente os idosos.
A demência, definida por um declínio significativo nas funções cognitivas e alterações comportamentais, impacta diretamente a independência do indivíduo. Embora o Alzheimer e a demência vascular sejam as formas mais conhecidas, responsáveis por cerca de 80% a 90% dos diagnósticos, existem outras variantes, como a demência dos corpos de Lewy e a frontotemporal, que também necessitam de atenção.
Quais são os sinais precoces da demência?
Identificar sinais precoces é crucial para a intervenção no curso da demência. Estudos recentes destacam a redução na velocidade da fala e da caminhada, assim como problemas na orientação espacial, como índices significativos do declínio cognitivo iminente. Estas alterações muitas vezes ocorrem antes dos sintomas mais reconhecidamente relacionados, como a perda de memória.
Um estudo da Universidade de Toronto apontou que a diminuição no ritmo da fala pode ser sintoma precoce significativo da saúde cerebral. Participantes do estudo que demonstraram fala lenta também apresentaram funções cerebrais debilitadas. Estes resultados ressaltam a importância de observar mudanças na fala ao investigar a saúde cognitiva.

Como a velocidade da caminhada se relaciona com a demência?
Alterações na velocidade da caminhada são outro sinal precoce de demência. De acordo com uma pesquisa publicada na Jama Network, o declínio cognitivo compromete a capacidade do paciente de planejar e executar tarefas motoras simples, tornando a marcha mais lenta. Especialistas da Universidade Monash enfatizam a necessidade de incluir a avaliação da velocidade da marcha nas triagens para riscos de demência, favorecendo abordagens preventivas antecipadas.
Por que o senso de direção deteriora na demência?
A perda do senso de direção é frequentemente relatada em pacientes com Alzheimer. De acordo com estudos da University College London, pessoas com a doença podem “superestimar curvas” e falhar em seguir rotas familiares, devido à deficiência na percepção espacial, não apenas na memória. Estas conclusões foram possíveis através de testes com realidade virtual, onde pacientes tentaram navegar em ambientes simulados.
Como é feito o diagnóstico?
O processo de diagnóstico costuma seguir os seguintes passos:
- História Clínica Detalhada: o médico irá coletar informações sobre os sintomas do paciente, como:
- Dificuldades com a memória recente e remota
- Dificuldades com a linguagem
- Alterações no comportamento e na personalidade
- Problemas com a orientação espacial e temporal
- Dificuldades com atividades do dia a dia
- Exame Físico: o exame físico é realizado para avaliar a saúde geral do paciente e identificar quaisquer sinais de outras condições médicas que possam estar causando os sintomas.
- Exames Neuropsicológicos: esses testes são utilizados para avaliar as funções cognitivas do paciente, como memória, atenção, linguagem, raciocínio e habilidades visuais e espaciais.
- Exames de Imagem:
- Tomografia computadorizada (TC) ou Ressonância magnética (RM): esses exames podem identificar alterações estruturais no cérebro, como atrofia cerebral, que são comuns em algumas formas de demência.
- PET scan: esse exame pode mostrar a atividade metabólica do cérebro e ajudar a identificar áreas de degeneração.
- Exames Laboratoriais: exames de sangue podem ser realizados para descartar outras causas de demência, como infecções, deficiências nutricionais e distúrbios hormonais.
Reconhecer e entender a complexidade dos sintomas da demência possibilita intervenções mais eficazes e, potencialmente, o retardamento do avanço da condição. Com o foco em sinais menos tradicionais, como a fala lenta e dificuldades ao caminhar, abre-se uma nova perspectiva para diagnósticos precoces, permitindo tratamentos que podem aumentar a qualidade de vida dos pacientes.