O mercado de benefícios corporativos entrou em uma fase de transformação que vai além de “trocar papel por plástico”. No Money Report da BM&C News, o CEO do iFood Benefícios, Arthur Freitas, afirmou que as empresas passaram a olhar com mais atenção para a linha de benefícios dentro do custo de pessoal, em busca de eficiência operacional e de uma proposta de valor mais atrativa para o colaborador.
Segundo Freitas, a pressão por produtividade e a convivência de múltiplas gerações no ambiente de trabalho colocam o benefício no centro da disputa por talentos. O executivo defender que benefícios precisam oferecer flexibilidade e utilidade real no dia a dia.
“O talento requer cada vez mais cuidado”, disse.
Benefícios corporativos: eficiência virou agenda de gestão
O executivo descreveu uma mudança de mentalidade nas empresas, que passaram a “destrinchar” processos e custos para ganhar velocidade e reduzir fricções internas.
“As empresas demoram centenas de horas no ano para operacionalizar” rotinas de recarga e gestão, afirmou.
Na visão dele, a digitalização desse fluxo libera tempo das áreas de RH e backoffice para temas como cultura, engajamento e retenção.
Freitas também argumentou que a modernização é inevitável em um setor que, historicamente, operou com estruturas legadas. Ele lembrou que o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) se aproxima de 50 anos, e que o mercado precisa acompanhar a mudança no perfil dos colaboradores e no uso de tecnologia.
Três “eras” no benefício: aceitação, comoditização e valor
Ao explicar a estratégia do iFood Benefícios, Arthur Freitas propôs uma leitura em três fases. A primeira, marcada por cartões aceitos apenas em redes limitadas; a segunda, com a expansão da aceitação; e a terceira, quando a aceitação se torna padrão e a disputa passa a ser por valor agregado.
“Todo mundo vai ter um cartão que é aceito em qualquer lugar no futuro”, disse.
Na prática, ele afirmou que o foco passa a ser fazer o benefício “durar mais” para o colaborador e gerar vantagem econômica por meio de ecossistema e parcerias.
“Quando eles usam o seu cartão, o saldo dura 6, 7, 10 dias, enquanto o mês tem 30”, afirmou.
No episódio, Freitas afirmou que o cartão de vale alimentação e refeição opera em uma rede ampla, citando mais de 11 milhões de estabelecimentos. Também disse que o iFood Benefícios atende mais de 1 milhão de colaboradores e tem cerca de 50 mil empresas na base, além de crescer em ritmo acelerado.
Cultura, escala e “estado da arte” na empresa
Freitas também conectou benefícios corporativos a um debate maior sobre competitividade. Para ele, empresas buscam quatro pilares: crescimento, eficiência, cultura e modelo de gestão. Ele também destacou o papel de tecnologia e inteligência artificial para escalar com custo menor, e a necessidade de cultura forte para manter alinhamento em ambientes voláteis.
“Crescimento… é quase que o oxigênio”, afirmou
Recife e Porto Alegre: regionalismo e negócios
A conversa, apresentada por Aluizio Falcão, começou com diferenças culturais entre regiões e como isso influencia relações de negócio. O CEO da Rede Muda Mundo, Fábio Silva, disse que fora de São Paulo a lógica é mais personalizada.
“Essa relação de confiança e da personalização é muito grande nessas regiões”, afirma.
Já Eduardo Tellechea Cairoli, da Privato Multifamily Office, afirmou que no Sul o fechamento de negócio pode ser mais lento, mas tende a gerar relações duradouras.
“Você demora muito para fechar negócio, mas uma vez fecha, inicia um relacionamento”, destaca.
Casa 011: reurbanização e geração de renda no centro de São Paulo
No bloco sobre impacto social, Fábio Silva apresentou o projeto que nasceu no Recife e chega a São Paulo. Ele afirmou que a Casa Zero (Casa 081) ajudou a reativar o centro histórico com atividades de formação e convivência e citou números do Recife.
“Vão ter passado dentro do prédio 65.000 pessoas” em 2025 e “nós formamos… 4.300 pessoas” para mercado de trabalho e empreendedorismo”, pontua.
A unidade paulistana, chamada Casa 011, deve ter cerca de 2.000 m², com salas de aula, auditório e áreas de convivência, em uma proposta de integração entre poder público, empresas e comunidade.
Patrimônio, sucessão e a “finitude” como gatilho
Na frente de gestão patrimonial, Eduardo Tellechea Cairoli afirmou que a organização do patrimônio é o primeiro passo de um processo sucessório e que muitas famílias iniciam esse movimento quando se aproximam de temas como finitude e legado.
“O grande legado dele é exatamente a família, não o ativo”, disse, defendendo governança e planejamento de longo prazo.

