O presidente Luiz Inácio Lula da Silva de nomeou Guilherme Boulos como novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Essa alteração reflete não apenas uma mudança de liderança, mas também uma estratégia política para alinhamento com movimentos sociais e fortalecimento do governo até as eleições. A escolha de Boulos, uma figura conhecida por sua atuação na militância e agenda progressista, sinaliza a intenção do governo de se aproximar ainda mais desses grupos e suas demandas.
A troca na Secretaria-Geral da Presidência ocorreu após uma reunião que contou com a presença de figuras importantes do governo. Márcio Macêdo, o antecessor de Boulos, deixa o cargo com agradecimentos do presidente pela dedicação na ampliação da participação social. A nomeação de Guilherme Boulos deve ser oficializada no Diário Oficial da União, marcando mais uma das várias mudanças ministeriais realizadas ao longo do terceiro mandato de Lula.
Como a mudança pode impactar o governo?
A escolha de Boulos para o gabinete de Lula não é meramente uma troca de liderança, mas uma estratégia política para fortalecer vínculos com grupos sociais de base, que são fundamentais para os planos de reeleição em 2026. A Secretaria-Geral, agora sob a liderança de Boulos, tem a responsabilidade de gerenciar a agenda presidencial com movimentos sociais, alinhando-se mais estreitamente com as pautas defendidas por Boulos no MTST e em sua atuação política.
Para o analista de economia e política, Miguel Daoud, essa nomeação reflete uma estratégia política clara de Lula para reenergizar sua base social e recuperar apoio popular, em um momento de desgaste entre o governo e o centrão. “A presença de Boulos no Planalto tende a reforçar o diálogo com movimentos sociais, mas também pode aumentar a resistência de setores mais conservadores e do mercado, que veem com cautela a influência crescente de figuras ligadas à militância“, analisa. Para ele, Lula busca reorganizar a narrativa política do governo, trazendo Boulos para atuar como ponte com as ruas e reaproximar o eleitorado de esquerda antes de 2026.
Quem é Guilherme Boulos?
Guilherme Boulos, natural de São Paulo, é um dos nomes mais influentes da nova geração política brasileira. Aos 43 anos, é graduado em Filosofia e mestre em Psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP), com trajetória marcada pelo ativismo social.
Fundador e liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), se destacou por defender o direito à moradia e por pautar o debate sobre desigualdade urbana. Sua carreira política inclui uma candidatura à Presidência da República, em 2018, e duas disputas à Prefeitura de São Paulo, consolidando sua posição como uma das principais vozes da esquerda nacional.