O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discute nos bastidores a possibilidade de antecipar sua saída do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi inicialmente revelada pelo jornal O Globo.
Segundo interlocutores do governo, a avaliação interna é de que a saída pode ocorrer já no início de 2026, abrindo espaço para uma transição organizada no comando da área econômica. Auxiliares relatam que Haddad trabalha com fevereiro como referência, embora não haja uma data formal definida.
A intenção do ministro é acompanhar a implementação efetiva da ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Apesar de a medida entrar em vigor em janeiro, o impacto prático nos salários deve ser percebido a partir de fevereiro, o que reforça a ideia de encerramento do ciclo após a materialização do benefício.
Haddad confirmou publicamente que deixará o cargo, mas evitou cravar uma data. Disse apenas que a saída deve ocorrer “um pouco antes de março”.
Durigan desponta como sucessor natural de Haddad
Com a provável saída de Haddad, o nome mais citado para assumir o Ministério da Fazenda é o do secretário-executivo Dario Durigan. Ele conta com a defesa direta do próprio ministro e aparece bem posicionado tanto no Palácio do Planalto quanto no PT, embora o presidente Lula ainda não tenha formalizado a decisão.
Durigan assumiu o cargo em 2023, após a saída de Gabriel Galípolo, hoje presidente do Banco Central, e se consolidou como principal articulador político da Fazenda no Congresso, mantendo interlocução direta com o Planalto em negociações sensíveis da pauta econômica.
Desde sua chegada à Fazenda, avançaram projetos centrais da agenda econômica, como o arcabouço fiscal e a condução das negociações da Reforma Tributária. Durigan também ampliou sua interlocução com o presidente Lula, participando de debates no Planalto, inclusive durante a discussão do pacote de contenção de gastos no fim de 2024.
Cenário eleitoral e próximos passos
No campo eleitoral, Haddad tem descartado disputar cargos em 2026, como o governo de São Paulo ou o Senado, apesar das pressões internas do PT. Dirigentes do partido defendem um palanque robusto para Lula no estado, mas o ministro sinaliza preferência por outro papel no próximo ciclo.
Em entrevista recente, Haddad afirmou que já conversou com Lula sobre seus planos para 2026 e manifestou disposição para atuar na coordenação da campanha de reeleição, especialmente na elaboração do programa de governo. Segundo ele, a reação do presidente foi positiva, com sinalização de respeito a qualquer decisão.
Há ainda quem veja espaço para que Haddad assuma a Casa Civil em um eventual rearranjo ministerial, hoje comandada por Rui Costa. Paralelamente, o ministro tem indicado temas que gostaria de levar ao debate eleitoral, como tarifa social no transporte público, mudanças na escala de trabalho, tributação da participação nos lucros e transição energética.
Com isso, a possível saída antecipada de Haddad abre um novo capítulo na condução da política econômica do governo em 2026, em um ano marcado por desafios fiscais, ambiente político sensível e antecipação do debate eleitoral.













