As pesquisas eleitorais deste ano vêm testando os nervos dos militantes políticos. Até o meio do ano, os oposicionistas estavam eufóricos diante da reprovação constante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (em maio, a desaprovação de Lula bateu a marca de 57%, diante de 40% de aprovação). Mas o tarifaço e a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro junto à Casa Branca deram um fôlego inesperado ao presidente, que iniciou uma recuperação e deixou seus apoiadores exultantes. Mas as últimas pesquisas mostram, agora, um cenário que pode ser pertubador para os petistas.
Tanto o estudo do Instituto Quaest como o do Paraná Pesquisas mostra que a recuperação de Lula pode ter chegado ao final. Nos dois casos, os índices de reprovação se mantiveram estáveis, com ligeira alta. No caso da Quaest, o placar a favor da reprovação é de 50% versus 47%; já o da Paraná, a contagem é de 50,9% contra 45,9%. Nos dois cenários, a reprovação subiu de 1 a 1,7 ponto percentual de outubro para cá.
O que explica o esgotamento da recuperação de Lula? A razão deve estar no interesse geral com a segurança pública, que foi potencializado pela megaoperação policial no Rio de Janeiro, dias atrás, e rendeu um saldo de 121 mortos. Segundo o estudo da Quaest, em um mês, a preocupação com a violência, que já era a maior do país, saltou de 30% para 38%.
Neste meio tempo, o presidente Lula se colocou em uma situação de confronto com a maioria da sociedade brasileira. Primeiro, soltou uma asneira que repercutiu muito mal, dizendo que os “traficantes eram vítimas dos usuários”. Depois, manifestou-se sobre a megaoperação do Rio, definindo-a como “desastrosa”. Ocorre que 81% dos entrevistados pela Quaest discordam dessa afirmação e 67% aprovam a megaoperação.
As opiniões de Lula sobre o crime organizado acabaram ofuscando até a percepção dos brasileiros sobre a economia nacional. Em outubro, o IPCA foi de 0,09%, o menor resultado para um mês de outubro desde 1998. Mesmo assim, a pesquisa Quaest aponta que 58% acham que o preço dos alimentos subiu (um índice 5 pontos percentuais menor que o do mês anterior, é verdade, mas ainda assim muito alto).
Além disso, as últimas pesquisas parecem mostrar que o governador Tarcísio de Freitas está de volta ao jogo. Ele empata tecnicamente com Lula no segundo turno, mas tem a menor rejeição entre os nomes pesquisados. Segundo o estudo, 38,8% dos eleitores dizem que não votariam no mandatário paulista para presidente “de jeito nenhum”, bem menos que Lula (48,6%), o ex-presidente Jair Bolsonaro (50,0%), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (47,9%) e o senador Flávio Bolsonaro (51,8%). Tarcísio, ainda, é que o que obtém o melhor resultado de primeiro turno entre os demais governadores contra Lula (23,2% contra 36%).
Diante desse cenário, o que se desenha para 2026 é uma eleição sem favoritos claros, marcada por volatilidade e disputas intensas. A polarização continua viva, mas os números mostram que há espaço para movimentos inesperados e candidaturas que escapem do eixo tradicional. Lula ainda é forte, mas não imbatível. Já Tarcísio surge como uma alternativa viável, com baixa rejeição e desempenho competitivo. E, no pano de fundo, a segurança pública desponta como o novo eixo da disputa, capaz de redefinir alianças e prioridades. A corrida está aberta e os próximos meses prometem ser decisivos.
















