O empresário Mohamad Hussein Mourad, também conhecido como Primo ou João, foi apontado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) como o “epicentro das operações” em um esquema bilionário de fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Mourad é investigado por envolvimento em toda a cadeia produtiva do segmento e se tornou alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada na última quinta-feira (28), que apura fraudes tributárias, estelionato e lavagem de capitais.
Segundo os promotores, Mourad articulava uma rede de empresas, familiares e sócios para manter o funcionamento do esquema. Essa não é a primeira vez que seu nome aparece em investigações relacionadas ao mercado de combustíveis, levantando dúvidas sobre seu papel e sua influência no setor.
Como funcionava a rede de empresas de Mohamad Mourad?
Mourad se apresentava como dono da G8 Log, empresa de transportes que, de acordo com a investigação, funcionava como uma fachada para ocultar frota de veículos e lavar capitais. A companhia, na prática, não possuía frota própria. Os caminhões utilizados estavam registrados em nome da Blue Star Locação de Equipamentos, que também detém veículos com a logomarca da Usina Grupo Itajobi, usina de etanol associada ao mesmo grupo empresarial.
Outra empresa citada é a Locar Locadora Ltda., que tinha um primo de Mourad no quadro societário. O Ministério Público afirma que a rede construída por ele era ampla, envolvendo irmãos, primos e outros familiares, além de profissionais cooptados para dar aparência de legalidade aos negócios.
Qual a relação de Mohamad Mourad com a Copape?
O nome de Mohamad Hussein Mourad também está ligado à Copape, uma das maiores redes de postos de combustível “bandeira branca” do Brasil. A empresa foi alvo de fiscalizações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que chegou a fechar suas operações por suspeita de ligação com o PCC e por fraudes na cadeia produtiva de combustíveis.
Há cerca de oito meses, Mourad se identificou como consultor da Copape e chegou a publicar um vídeo no LinkedIn defendendo a companhia. Na ocasião, afirmou que as investigações se tratavam de uma “guerra de concorrentes” e citou o empresário Ricardo Magro, dono da refinaria Refit, como responsável pelas denúncias contra ele. “Irregularidades nunca foram provadas”, disse no vídeo, em referência à ANP.
Histórico de operações anteriores
Além da Operação Carbono Oculto, o empresário já havia sido alvo de outras investigações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP. Em 2023, a Operação Cassiopeia também mirou a Copape e a empresa Aster, enquanto a Operação Arina, anterior, investigava irregularidades semelhantes na cadeia de combustíveis.
O Ministério Público aponta que a rede de Mourad utilizava até mesmo fundos de investimento imobiliário (FIIs) para movimentar recursos e dar aparência de legalidade às operações.
O que dizem as investigações?
As autoridades destacam que Mourad atuava em “toda a cadeia produtiva do setor”, desde o transporte e armazenamento até a comercialização de combustíveis. A estrutura montada envolvia empresas de fachada, parentes e sócios, permitindo movimentações bilionárias e dificultando o rastreamento das fraudes.
A Operação Carbono Oculto reforça suspeitas já antigas contra o grupo, tanto sobre possíveis vínculos com o crime organizado quanto sobre manipulação do mercado de combustíveis. O caso segue em investigação e deve ter novos desdobramentos nos próximos meses.